São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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Protógenes é denunciado por vazar dados

Delegado nega ter passado informações à TV Globo e diz que não cometeu fraude na ação contra Dantas

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz foi denunciado ontem pelo Ministério Público Federal em São Paulo sob acusação dos crimes de vazamento de informação sigilosa e fraude processual durante a Operação Satiagraha.
Caso a denúncia (acusação formal) seja aceita pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal de São Paulo, inicia-se um processo penal contra o delegado, que foi afastado da PF por ter participado de um ato político.
Para a Procuradoria, o policial, que investigou o banqueiro Daniel Dantas, cometeu crime ao ter convidado produtores da TV Globo para filmar secretamente o encontro de um policial com dois intermediários de Dantas, que haviam oferecido propina para o banqueiro ser excluído do inquérito.
O Ministério Público sustenta que há vários contatos telefônicos entre Protógenes e um produtor da TV. O órgão entende que o delegado, ao confiar em jornalistas que não têm o compromisso de sigilo, colocou a operação em risco. A pena para este crime é de seis meses a dois anos de prisão ou multa.
Para a Procuradoria, o segundo crime, de fraude processual, ocorreu com a edição da filmagem, quando foram cortadas as cenas em que os jornalistas apareciam no reflexo de um espelho. Pelo ato, considerado ilegal, Protógenes e o escrivão Amadeu Ranieri foram acusados de fraude, com pena de seis meses a quatro anos de prisão.
O terceiro crime ocorreu no dia da deflagração da Satiagraha, com a prisão de vários investigados, entre eles Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta. Equipes da TV Globo acompanharam as prisões. Foram capturados vários contatos telefônicos entre o delegado e repórteres da emissora naquela manhã.
Sobre a participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Investigação) na Satiagraha, os procuradores Fábio Gaspar, Roberto Dassié, Ana Carolina Previtalli e Cristiane Casagrande, responsáveis pela denúncia, dizem que foi legal e não comprometeu as provas. Mas três situações foram encaminhadas pelos procuradores aos colegas de Brasília, para que decidam se cabem novas investigações.
Protógenes Queiroz disse que não vazou informações à TV Globo nem cometeu fraude processual durante a ação que levou à condenação de Dantas.
Ele afirmou que o vídeo incluído nos autos foi "um trabalho da equipe da Polícia Federal", e o arquivo apenas acrescentou imagens ao que a PF já detinha como provas em áudios feitos pelo delegado Victor Hugo Ferreira. Protógenes disse que "todas as provas foram coletadas com ordem judicial".
Para Protógenes, a denúncia de ontem revela "um problema de entendimento diverso" entre procuradores da República: "O doutor Rodrigo De Grandis considera que as provas são válidas, agora outros procuradores me acusam. É uma questão que deve ser dirimida no próprio Ministério Público. Eu fiz o que a lei determina fazer".
"Recebo com muita tranquilidade [a denúncia]. Vou me defender. Mas esse fato prejudica a investigação em curso", disse ele. "Faz parte do jogo. No final da história querem que o Protógenes seja condenado, e o Daniel Dantas, absolvido".


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