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Protógenes é denunciado por vazar dados
Delegado nega ter passado informações à TV Globo e diz que não cometeu fraude na ação contra Dantas
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz foi denunciado ontem pelo Ministério Público Federal em São
Paulo sob acusação dos crimes
de vazamento de informação
sigilosa e fraude processual durante a Operação Satiagraha.
Caso a denúncia (acusação
formal) seja aceita pelo juiz Ali
Mazloum, da 7ª Vara Federal
de São Paulo, inicia-se um processo penal contra o delegado,
que foi afastado da PF por ter
participado de um ato político.
Para a Procuradoria, o policial, que investigou o banqueiro
Daniel Dantas, cometeu crime
ao ter convidado produtores da
TV Globo para filmar secretamente o encontro de um policial com dois intermediários de
Dantas, que haviam oferecido
propina para o banqueiro ser
excluído do inquérito.
O Ministério Público sustenta que há vários contatos telefônicos entre Protógenes e um
produtor da TV. O órgão entende que o delegado, ao confiar
em jornalistas que não têm o
compromisso de sigilo, colocou
a operação em risco. A pena para este crime é de seis meses a
dois anos de prisão ou multa.
Para a Procuradoria, o segundo crime, de fraude processual,
ocorreu com a edição da filmagem, quando foram cortadas as
cenas em que os jornalistas
apareciam no reflexo de um espelho. Pelo ato, considerado
ilegal, Protógenes e o escrivão
Amadeu Ranieri foram acusados de fraude, com pena de seis
meses a quatro anos de prisão.
O terceiro crime ocorreu no
dia da deflagração da Satiagraha, com a prisão de vários investigados, entre eles Dantas, o
investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta. Equipes da
TV Globo acompanharam as
prisões. Foram capturados vários contatos telefônicos entre
o delegado e repórteres da
emissora naquela manhã.
Sobre a participação de agentes da Abin (Agência Brasileira
de Investigação) na Satiagraha,
os procuradores Fábio Gaspar,
Roberto Dassié, Ana Carolina
Previtalli e Cristiane Casagrande, responsáveis pela denúncia,
dizem que foi legal e não comprometeu as provas. Mas três
situações foram encaminhadas
pelos procuradores aos colegas
de Brasília, para que decidam
se cabem novas investigações.
Protógenes Queiroz disse
que não vazou informações à
TV Globo nem cometeu fraude
processual durante a ação que
levou à condenação de Dantas.
Ele afirmou que o vídeo incluído nos autos foi "um trabalho da equipe da Polícia Federal", e o arquivo apenas acrescentou imagens ao que a PF já
detinha como provas em áudios feitos pelo delegado Victor
Hugo Ferreira. Protógenes disse que "todas as provas foram
coletadas com ordem judicial".
Para Protógenes, a denúncia
de ontem revela "um problema
de entendimento diverso" entre procuradores da República:
"O doutor Rodrigo De Grandis
considera que as provas são válidas, agora outros procuradores me acusam. É uma questão
que deve ser dirimida no próprio Ministério Público. Eu fiz
o que a lei determina fazer".
"Recebo com muita tranquilidade [a denúncia]. Vou me defender. Mas esse fato prejudica
a investigação em curso", disse
ele. "Faz parte do jogo. No final
da história querem que o Protógenes seja condenado, e o Daniel Dantas, absolvido".
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