São Paulo, domingo, 9 de maio de 1999

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INVESTIGAÇÃO
Segundo delegados do caso, versão de Ingrid e Paulo é necessária para esclarecer contradição no inquérito
Filhos de PC Farias depõem terça-feira

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

Os dois filhos do empresário Paulo César Farias, Ingrid, 19, e Paulo, 17, irão depor na próxima terça-feira no inquérito reaberto para investigar as mortes de PC e da namorada dele, Suzana Marcolino, ocorridas no dia 23 de junho de 1996.
O depoimento será dado aos delegados Antônio Carlos de Azevedo Lessa e Alcides Andrade, que presidem as novas investigações. Segundo os delegados, os depoimentos são necessários para esclarecer a única contradição apresentada nos relatos dos funcionários de PC no inquérito.
O sargento Rinaldo Lima, segurança de PC assassinado na Sexta-Feira da Paixão, foi o único a afirmar que o empresário ficou das 12h às 14h30, na véspera do crime, conversando com o decorador Gilson Silva. Os demais funcionários afirmaram que PC caminhou com os filhos no mesmo horário.
Os depoimentos também serão uma oportunidade para saber o que pensam os filhos do empresário sobre a "guerra de versões" que envolve a morte do pai.
Quase três anos após as mortes, Ingrid e Paulo ainda não convivem bem com o assunto. Eles voltaram a se isolar com a reabertura do caso, provocada por contradições sobre a altura de Suzana. Saem menos à noite e já não são vistos com a mesma frequência em shows de pagode.
"Os meninos (Paulo e Ingrid) evitam de todas as formas falar sobre a morte do pai. É um trauma para eles a morte do pai, que se deu logo após a da mãe (Elma Farias)", afirmou o primo de PC e porta-voz da família Gabriel Mousinho.
Mousinho é editor do jornal da família, "Tribuna de Alagoas", onde Ingrid e Paulo estão fazendo estágio, dando os primeiros passos para assumir os negócios da família, em substituição ao tutor dos dois, o tio e deputado federal Augusto Farias (PPB-AL).
Os dois têm ficado entre quatro e cinco horas por dia no jornal. Ingrid se dedica mais ao departamento pessoal, onde está aprendendo a confeccionar a folha de pagamento dos funcionários. Paulo prefere a área de informática. Na escola, ele tem tirado notas baixas.
Um amigo dos dois, que não quis se identificar, resume a situação vivido pelos adolescentes: "Nem o Paulo nem a Ingrid falam sobre a morte do pai e, quando alguém toca no assunto, eles ficam nervosos, perdem o controle e deixam de fazer o que estavam fazendo".
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Gozações Segundo os amigos, o isolamento funciona como uma defesa para Ingrid e Paulo que, com o retorno do noticiário sobre as mortes de PC e Suzana Marcolino, voltaram a ser incomodados em locais públicos e principalmente na escola, com brincadeiras e gozações de todo o tipo.
Ingrid e Paulo também reclamam, segundo os amigos, da falta de dedicação dos tios. Augusto Farias que, após as mortes, passava pelo menos dois dias da semana com os sobrinhos, nos últimos meses tem se dedicado menos, ainda segundo os amigos.
A falta do convívio com a família foi recomendada pela psicóloga que assiste Ingrid e Paulo, segundo apurou a Agência Folha. A psicóloga acredita que, com uma maior convivência familiar, os jovens podem superar melhor a situação.



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