DA REPORTAGEM LOCAL

Impaciência é a característica do presidenciável Ciro Gomes (PPS) que mais o desagrada. "Estou melhorando bastante nisso, mas ainda falta. Preciso ter mais paciência porque essa é uma virtude revolucionária que eu preciso aprender a ter."
Leia trechos da entrevista.

Folha - Uma frase para definir seus três adversários.
Ciro - O Lula é uma pessoa bem intencionada, boa. Tenho identidade com ele na indignação contra a miséria, contra as mazelas morais do país, mas uma pessoa que fez essa incrível opção de querer, como primeiro experiência, a Presidência da República. E uma pessoa que ultimamente perdeu o melhor de sua personalidade, que era interpretar com pureza e fidelidade o sentimento da classe trabalhadora organizada do país, e agora virou um boneco de ventríloquo da marquetagem do Duda Mendonça. Serra é uma pessoa sem escrúpulos, um homem gelado, que não tem o menor compromisso popular, um burocrata que se aproveitou sempre de certas circunstâncias para uma obsessão de poder que não tem limite. Garotinho é o ex-governador do Rio.

Folha - Qual político, vivo ou morto, o sr. mais admira?
Ciro - Vivo é o Tasso Jereissati. E morto são dois: o Getúlio e o Juscelino.

Folha - Essa era a próxima pergunta. Getúlio ou Juscelino?
Ciro - A presença do Getúlio foi muito forte, mas tem uma parte dela, que é 37 [1937, ano do golpe que instaurou a ditadura do Estado Novo no país", que o Juscelino Kubitschek não tem. Juscelino acaba representando os valores do trabalhismo, do Brasil democrático, progressista, que saiu de uma base rural para virar a 15ª economia industrial do mundo, e amplas liberdades.

Folha - FHC ou Hugo Chávez?
Ciro - Ah, FHC. (pausa) Por exclusão. Vale morrer? Vou mudar a resposta. Vale morrer?

Folha - Clinton ou Bush?
Ciro - Clinton, disparado.

Folha - Revolução Francesa ou Revolução Cubana?
Ciro - A francesa tem uma transcendência histórica para a humanidade. É ali que se lançam as bases do conceito do Estado de Direito democrático. Claro que foi uma revolução burguesa, enquanto a cubana foi popular. Mas a francesa mudou a história da humanidade e a cubana, a de Cuba.

Folha - Crescer quanto, como e com qual inflação?
Ciro - Crescer pelo menos 5% sem transigência com a inflação.

Folha - Quanto custa um quilo de arroz?
Ciro - Depende. O Agulhinha custa em torno de R$ 2. Eu faço meu supermercado. Essa, para mim, é garapa.

Folha - Qual é sua característica que mais o desagrada?
Ciro - (Pausa) Uma certa impaciência. Preciso controlar, estou melhorando bastante nisso, mas ainda falta. Preciso ter mais paciência porque essa é uma virtude revolucionária que eu preciso aprender a ter.



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