São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agenda sugere que PT custeou parte da invasão do MLST

Papéis de Bruno Maranhão apreendidos pela Polícia Legislativa relacionam custos de protesto; petistas negam o financiamento

Partido afirma que o único dinheiro repassado ao líder do MLST foi o relativo a seu salário como membro da Executiva, de R$ 6,8 mil


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A invasão da Câmara dos Deputados por cerca de 500 integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) pode ter custado ao movimento R$ 82.790. Isso é o que indica uma agenda de Bruno Maranhão, um dos líderes, apreendida pela Polícia Legislativa.
A Folha teve acesso a cópias dos papéis, nos quais aparece uma citação ao PT relacionada a orçamento, o que poderia indicar, na avaliação da polícia, alguma ajuda financeira do partido. Os petistas negam.
Nos papéis, há a contabilização de gastos com alimentação (R$ 2,5 mil), água (R$ 1,28 mil), hospedagem (R$ 2 mil), aluguel de carro (R$ 680), ônibus (R$ 680), faixas (R$ 400) e "deslocamento ao local" (R$ 3,2 mil). A única data registrada é o dia 4, dois dias antes da invasão. Além da data, há a seguinte inscrição: "BSB/MLST, União financia".
Os papéis trazem a discriminação de valores por Estado, o que pode ser o cálculo da despesa para reunir manifestantes de várias regiões.
Bruno Maranhão está preso por participar da invasão, na terça-feira, que resultou na depredação de parte da Câmara e deixou ao menos 41 feridos. Integrante da Executiva do PT, ele foi afastado anteontem.
Ele nega ter participado ou estimulado a depredação.
Ainda nos papéis que, segundo a polícia, são da sua agenda, há referência direta ao PT. Trecho traz a inscrição: "Raquel fechar os números do PT p/ comigo e orçamento de passagens p/ R$ 6.000". Raquel seria uma funcionária de Maranhão.

Dinheiro relativo a salário
O PT negou ontem que tenha recebido pedido de financiamento ou tenha transferido dinheiro para o MLST. Segundo o partido, o único dinheiro entregue a Maranhão foi relativo ao seu salário como integrante da Executiva. Eram R$ 6,8 mil mensais desde abril deste ano.
Nas dez páginas a que a Folha teve acesso, não há menção clara à invasão. Policiais que investigam o caso, entretanto, dizem se tratar do planejamento contábil da manifestação. Na maioria dos trechos a caligrafia é incompreensível ou a redação resumida não permite saber do que se trata. Na agenda constam o horário "14h" e as palavras "Congresso" e "anexo 3".


Texto Anterior: Alckmin afirma que forma com Serra a dupla "Ronaldo e Ronaldinho" da eleição
Próximo Texto: Conflito indígena: 12 índios são presos em ação da PF para pôr fim a disputa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.