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Vavá oferecia lobby no Judiciário
Segundo gravações da PF, ele participou de reuniões com empresários para reverter decisão do STJ
Nilton Servo pediu para o seu irmão Nivaldo acompanhar as negociações, pois Vavá iria pedir "valor baixo"
DO ENVIADO A CAMPO GRANDE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, ofereceu
serviços de lobby no Judiciário,
segundo escutas telefônicas da
Polícia Federal na Operação
Xeque-Mate.
Vavá participou de reuniões
em São Bernardo do Campo e
Brasília com agropecuaristas
para tentar reverter decisão do
STJ (Superior Tribunal de Justiça). A investigação aponta que
essas reuniões aconteceram no
segundo semestre de março,
com os empresários identificados como "André" e "Jairo".
Eles haviam perdido, em segunda instância, ação estimada
em R$ 6 milhões contra a usina
de cana-de-açúcar Maracaí, no
município paulista de mesmo
nome.
Vavá foi orientado a se encontrar com os agropecuaristas
por Nilton Cezar Servo. Após
perderem a ação, os agropecuaristas procuraram Servo. Alegaram que a decisão foi "negociada", segundo expressão que
"André" usou.
A partir daí, Servo pediu a
ajuda de seu irmão, Nivaldo. A
idéia era acompanhar Vavá em
Brasília para que pudessem obter algum ganho no negócio.
Numa conversa com Nivaldo, Nilton contou que a idéia de
prestar serviços de lobby no
processo partiu do próprio Vavá. Segundo Nilton, Vavá tinha
um advogado "do esquema",
cujo nome não é revelado.
"Eu só quero que acompanhe. Porque o que que vai acontecer. Depois que der certo, o
Vavá, tonto, [vai dizer] ah, me
dá R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 5
mil. A conta é um negócio de R$
1 milhão", descreveu Nilton ao
seu irmão, Nivaldo.
Os dados conhecidos até aqui
sobre a operação da PF não esclarecem se Vavá teve sucesso.
Mas a promessa de interferência na decisão, segundo entendeu a PF e o Ministério Público
Federal, levou a polícia a indiciar Vavá pelo suposto crime de
exploração de prestígio.
André, o empresário que teria se reunido com Vavá em
março, foi localizado ontem pela Folha no mesmo telefone
celular com prefixo 018 que foi
interceptado pela PF em conversas com Servo. Ele ouviu em
silêncio por dois ou três minutos as afirmações da reportagem sobre a investigação policial e, então, afirmou: "Eu não
tenho nada a declarar".
Indagado sobre a reunião em
Brasília, André não negou nem
confirmou. Sobre possível disputa judicial com a Usina Maracaí, alvo do lobby detectado
nas escutas, André disse que
"não tem nada disso aí, não".
(RUBENS VALENTE E HUDSON CORRÊA)
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