São Paulo, sábado, 09 de junho de 2007

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Acusados de corrupção "sofrem", diz presidente

Na Alemanha, Lula afirma que pedirá fiscalização externa nas obras do PAC

"As pessoas que aparecem [no noticiário] sofrem, sofrem, mas um dia vão para julgamento e vai aparecer quem é culpado"


Caio Guatelli/Folha Imagem
O presidente Lula concede entrevista coletiva pouco antes do fim do encontro do G8, ontem, em Heiligendamm, na Alemanha


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL À ALEMANHA

Em uma frase que pode ser tomada como alusiva à situação de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que "as pessoas que aparecem [no noticiário sobre corrupção] sofrem, sofrem, mas um dia vão para julgamento e vai aparecer quem é culpado e quem é inocente".
Antes, o presidente Lula dissera duas vezes: "Dói. Dói", sempre tratando do problema da corrupção no Brasil.
Lula aproveitou uma pergunta sobre uma eventual falha nos mecanismos de prevenção de irregularidades para anunciar que, ao voltar ao país, vai propor que o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (TCU) montem uma equipe para fiscalizar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O presidente lembrou que o PAC já tem conselhos gestores do próprio governo, da Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Base) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). "O que não falta no Brasil é gente para fiscalizar", afirmou.
Depois emendou: "Ainda assim acontece e, na medida em que acontece, o que temos que fazer é investigar tudo o que é necessário".

Prudentes
O presidente Lula disse também que não aceita pressão para diminuir "o processo de investigação da Polícia Federal nem do Ministério Público, até porque é independente".
Contou que só pediu a ambos que sejam "prudentes, para não condenar inocentes e absolver culpados. Acho que estão fazendo isso direitinho".
O presidente disse ainda que "o que não falta é lei para fiscalizar", para emendar depois com a tese já exposta na sua entrevista de anteontem à Folha.
"A corrupção, no Brasil, nos Estados Unidos, na Itália, em qualquer lugar, só aparece quando o governo vai fundo na investigação. Até que um dia acabe [a corrupção], se é que um dia vai acabar."
Lembrou depois a Operação Mãos Limpas, na Itália, que terminou com centenas de prisões de políticos e empresários e dinamitou o sistema partidário local. "Parecia que tinha terminado [a corrupção], até aparecer a trambicagem no futebol", afirmou Lula, referindo-se ao mais recente escândalo italiano, a manipulação de resultados por parte de grandes clubes.


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