São Paulo, sábado, 09 de junho de 2007

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Casal da Renascer assume crimes para abrandar pena

Presos desde janeiro nos EUA, fundadores de igreja terão sentença de juiz em agosto

Defesa do casal Hernandes fazem acordo para reduzir pena de 10 anos de prisão, por terem entrado no país sem declarar US$ 56,5 mil

DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

Com a esperança de receberem uma pena branda, os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, apóstolo Estevam Hernandes Filho, 53, e sua mulher, bispa Sônia Haddad Moraes Hernandes, 48, compareceram ontem ao tribunal do Distrito Sul da Flórida (EUA) e se declararam culpados dos crimes de conspiração para contrabando de dinheiro e contrabando de dinheiro. A acusação de falso testemunho, levantada no início do processo, não foi apresentada.
A pena prevista para cada um dos delitos é de cinco anos de prisão, ou seja, Estevam e Sonia podem ser condenados a cumprir o máximo de dez anos, além de pagar uma multa de até US$ 250 mil. No entanto, em troca da confissão, a defesa do casal já fez um acordo com a Promotoria, a qual deve sugerir ao juiz Federico Moreno uma sentença mais leve. A decisão do juiz sai no dia 17 de agosto.
Antes da audiência, ontem pela manhã, Estevam afirmou que "este não é o momento para comentar" o episódio e, sem entrar em detalhes, acusou a imprensa brasileira de "distorcer os fatos". "Muitas coisas do que dizem por aí não é verdade", completou Sonia. "E essas notícias falsas atingem em cheio a nossa família. Ninguém imagina o sofrimento por que passamos." O casal agradeceu as manifestações de apoio dadas pelos evangélicos durante a Marcha para Jesus, realizada na véspera em São Paulo, mas fez questão de destacar que não se tratou de ato de desagravo a eles. "Foi uma marcha para Jesus", disse Sonia.
Ladeados por seus advogados, Estevam e Sonia ouviram do juiz que, ao confessarem os dois crimes dos quais são acusados, eles abrem mão do direito de terem um julgamento e de recorrerem da sentença final.
Sonia chorou duas vezes: quando se apresentou como "nutricionista e missionária de Jesus" e quando teve que responder pela segunda vez à pergunta: "Você é culpada ou inocente?". Como não falam inglês, uma tradutora os auxiliou.
Os réus deixaram o tribunal em silêncio, junto com seu filho Felipe Daniel e mulher, e continuam em liberdade condicional e vigiada. Eles usam no tornozelo um mecanismo eletrônico por meio do qual a polícia os monitora. Eles não poderão deixar Miami até agosto.
Nem a defesa nem a Promotoria divulgaram qual foi o acordo celebrado. Segundo advogados ouvidos pela Folha, os termos do compromisso costumam ser aceitos pelo juiz, mas é difícil prever a sentença. Funcionam como atenuantes o fato de os réus terem admitido a culpa e sua demonstração de arrependimento, enquanto é agravante que eles também tenham utilizado para transportar o dinheiro um menor de idade -Gabriel, 11, filho deles.
Estevam e Sonia foram presos em 9 de janeiro quando entravam nos EUA com US$ 56,5 mil escondidos em bolsa, Bíblia, porta-CDs e mala. Pela lei, deveriam ter declarado que portavam mais de US$ 10 mil.


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