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Casal da Renascer assume crimes para abrandar pena
Presos desde janeiro nos EUA, fundadores de igreja terão sentença de juiz em agosto
Defesa do casal Hernandes fazem acordo para reduzir pena de 10 anos de prisão,
por terem entrado no país sem declarar US$ 56,5 mil
DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI
Com a esperança de receberem uma pena branda, os fundadores da Igreja Apostólica
Renascer em Cristo, apóstolo
Estevam Hernandes Filho, 53,
e sua mulher, bispa Sônia Haddad Moraes Hernandes, 48,
compareceram ontem ao tribunal do Distrito Sul da Flórida
(EUA) e se declararam culpados dos crimes de conspiração
para contrabando de dinheiro e
contrabando de dinheiro. A
acusação de falso testemunho,
levantada no início do processo, não foi apresentada.
A pena prevista para cada um
dos delitos é de cinco anos de
prisão, ou seja, Estevam e Sonia
podem ser condenados a cumprir o máximo de dez anos,
além de pagar uma multa de até
US$ 250 mil. No entanto, em
troca da confissão, a defesa do
casal já fez um acordo com a
Promotoria, a qual deve sugerir
ao juiz Federico Moreno uma
sentença mais leve. A decisão
do juiz sai no dia 17 de agosto.
Antes da audiência, ontem
pela manhã, Estevam afirmou
que "este não é o momento para comentar" o episódio e, sem
entrar em detalhes, acusou a
imprensa brasileira de "distorcer os fatos". "Muitas coisas do
que dizem por aí não é verdade", completou Sonia. "E essas
notícias falsas atingem em
cheio a nossa família. Ninguém
imagina o sofrimento por que
passamos." O casal agradeceu
as manifestações de apoio dadas pelos evangélicos durante a
Marcha para Jesus, realizada
na véspera em São Paulo, mas
fez questão de destacar que não
se tratou de ato de desagravo a
eles. "Foi uma marcha para Jesus", disse Sonia.
Ladeados por seus advogados, Estevam e Sonia ouviram
do juiz que, ao confessarem os
dois crimes dos quais são acusados, eles abrem mão do direito de terem um julgamento e de
recorrerem da sentença final.
Sonia chorou duas vezes:
quando se apresentou como
"nutricionista e missionária de
Jesus" e quando teve que responder pela segunda vez à pergunta: "Você é culpada ou inocente?". Como não falam inglês, uma tradutora os auxiliou.
Os réus deixaram o tribunal
em silêncio, junto com seu filho
Felipe Daniel e mulher, e continuam em liberdade condicional e vigiada. Eles usam no tornozelo um mecanismo eletrônico por meio do qual a polícia
os monitora. Eles não poderão
deixar Miami até agosto.
Nem a defesa nem a Promotoria divulgaram qual foi o
acordo celebrado. Segundo advogados ouvidos pela Folha, os
termos do compromisso costumam ser aceitos pelo juiz, mas
é difícil prever a sentença. Funcionam como atenuantes o fato
de os réus terem admitido a
culpa e sua demonstração de
arrependimento, enquanto é
agravante que eles também tenham utilizado para transportar o dinheiro um menor de
idade -Gabriel, 11, filho deles.
Estevam e Sonia foram presos em 9 de janeiro quando entravam nos EUA com US$ 56,5
mil escondidos em bolsa, Bíblia, porta-CDs e mala. Pela lei,
deveriam ter declarado que
portavam mais de US$ 10 mil.
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