São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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Gabrielli diz que divulgação "veio pra ficar"

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, defendeu ontem a divulgação de e-mails de jornalistas no blog Fatos e Dados, da estatal, antes mesmo de as reportagens serem publicadas pelos meios de comunicação. Segundo afirmou, a prática "veio para ficar".
O "Manual de Redação" da Folha tem como regra sempre ouvir o outro lado dos alvos de uma reportagem antes da publicação. Ao divulgar os e-mails, o blog torna público um material exclusivo, ainda em apuração, que seria publicado nos veículos de comunicação.
Para Gabrielli, no entanto, a medida é um "avanço na transparência" e também uma defesa contra "matérias insinuadoras, matérias criando problemas", porque o blog divulga todos os dados na íntegra.
"Acho que isso vai ser generalizado. Empresas, instituições passarão a usar isso porque é fato da democracia da informação que a internet traz."
Gabrielli, que participou do "Roda Viva", da TV Cultura, disse no programa que nos últimos dez dias a empresa tem sido "bombardeada" com "denúncias infundadas".
O presidente da Petrobras chamou de "barriga" (termo jornalístico para erro) a manchete da Folha de ontem, que revelou um aumento de 84% nos custos da construção de um gasoduto. Ele atribuiu a alta a mudanças no método de construção, aperfeiçoado durante o andamento da obra, como o jornal informou em texto com o outro lado da estatal.
Gabrielli criticou ainda reportagem da Folha que apontava contratos com uma ONG da qual ele faz parte do conselho e também textos de outros meios de comunicação.
Ele negou que a criação do blog seja uma política de "confronto" com a mídia, num momento em que a empresa é alvo de uma CPI no Senado.
"Se o objetivo fosse como tática para esvaziar a matéria tudo bem, mas não é esse", disse Gabrielli, que comparou a comissão e as reportagens "infundadas" a "socos no fígado" de um lutador de boxe: não derrubam na hora, mas vão minando de pouco em pouco.
Segundo ele, a Petrobras apenas divulga "a informação que o jornalista recebeu privadamente", que, "em 90%" dos casos, "foi extraída de nossos sites, de nossas informações".
A ideia de criação do site partiu "da Petrobras", disse Gabrielli, não dele próprio, tampouco da CDN, contratada para "gerenciar a crise".


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