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Gabrielli diz que divulgação "veio pra ficar"
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, defendeu
ontem a divulgação de e-mails
de jornalistas no blog Fatos e
Dados, da estatal, antes mesmo
de as reportagens serem publicadas pelos meios de comunicação. Segundo afirmou, a prática "veio para ficar".
O "Manual de Redação" da
Folha tem como regra sempre
ouvir o outro lado dos alvos de
uma reportagem antes da publicação. Ao divulgar os e-mails, o blog torna público um
material exclusivo, ainda em
apuração, que seria publicado
nos veículos de comunicação.
Para Gabrielli, no entanto, a
medida é um "avanço na transparência" e também uma defesa contra "matérias insinuadoras, matérias criando problemas", porque o blog divulga todos os dados na íntegra.
"Acho que isso vai ser generalizado. Empresas, instituições passarão a usar isso porque é fato da democracia da informação que a internet traz."
Gabrielli, que participou do
"Roda Viva", da TV Cultura,
disse no programa que nos últimos dez dias a empresa tem sido "bombardeada" com "denúncias infundadas".
O presidente da Petrobras
chamou de "barriga" (termo
jornalístico para erro) a manchete da Folha de ontem, que
revelou um aumento de 84%
nos custos da construção de
um gasoduto. Ele atribuiu a alta a mudanças no método de
construção, aperfeiçoado durante o andamento da obra, como o jornal informou em texto
com o outro lado da estatal.
Gabrielli criticou ainda reportagem da Folha que apontava contratos com uma ONG
da qual ele faz parte do conselho e também textos de outros
meios de comunicação.
Ele negou que a criação do
blog seja uma política de "confronto" com a mídia, num momento em que a empresa é alvo
de uma CPI no Senado.
"Se o objetivo fosse como tática para esvaziar a matéria tudo bem, mas não é esse", disse
Gabrielli, que comparou a comissão e as reportagens "infundadas" a "socos no fígado"
de um lutador de boxe: não
derrubam na hora, mas vão minando de pouco em pouco.
Segundo ele, a Petrobras
apenas divulga "a informação
que o jornalista recebeu privadamente", que, "em 90%" dos
casos, "foi extraída de nossos
sites, de nossas informações".
A ideia de criação do site partiu "da Petrobras", disse Gabrielli, não dele próprio, tampouco da CDN, contratada para "gerenciar a crise".
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