São Paulo, domingo, 09 de julho de 2000


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Oito já dirigiram Rio Grande da Serra desde 97

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O município de Rio Grande da Serra (na região do ABC) empossou, na semana passada, seu oitavo prefeito desde 1997.
Com menos de seis meses para governar, Ramon Velasquez (PT) admite que não terá tempo para fazer grandes mudanças. "Vou ao menos tentar sanear financeiramente o município", diz.
A posse do petista foi o epílogo de uma sequência de reviravoltas jurídicas, provocadas principalmente por diferenças de interpretação da Lei Eleitoral. Duas mortes contribuíram para a confusão.
O vencedor da eleição municipal de 1996 foi Cido Franco (PTB), que morreu de infarto em março de 1997, 75 dias após a posse.
O segundo prefeito foi o vice de Cido, José Arruda (PRP).
Em 30 de abril de 1998, ele desapareceu. Seu corpo foi encontrado uma semana depois. Arruda foi assassinado, por motivos ainda não totalmente esclarecidos.
Enquanto o corpo estava sumido, a prefeitura ficou a cargo do terceiro prefeito, o secretário de Negócios Jurídicos, Nilton de Oliveira Júnior.
Após o encontro do cadáver, assumiu, interinamente, o quarto prefeito, o presidente da Câmara, Expedito de Oliveira (PSDB).
Como metade do mandato não havia transcorrido, foram convocadas novas eleições. O vencedor tornou-se o quinto prefeito, Danilo Franco (PTB), que assumiu em 24 de agosto de 1998. Ele é filho de Cido, o primeiro.
Partidos de oposição entraram com ação na Justiça, alegando que a lei não permite que parentes consanguíneos assumam o mesmo cargo no mesmo mandato.
A Justiça cassou Danilo em 30 de março deste ano, após vários recursos -o então prefeito não concordava que houvesse irregularidade, pois o pai estava morto.
A polêmica continuou. A Câmara recusou-se a dar posse ao vice dele, por entender que a chapa toda deveria ser impugnada. Assumiu a secretária municipal de Negócios Jurídicos, Célia Franco (sem parentesco com Cido e Danilo), a sexta prefeita.
A Câmara só concordou em empossar o vice de Danilo, Mário Carvalho da Silva (PTB), em 10 de abril. Ele foi o sétimo prefeito.
Novamente a oposição entrou com ação judicial, que foi acatada em 30 de junho. Silva teve de deixar o cargo, por ser da mesma chapa do prefeito cassado.
A Justiça acabou determinando que o segundo colocado na eleição-tampão de agosto de 1998, Velasquez (PT), fosse empossado.
O oitavo prefeito é agora candidato à reeleição. Sua principal rival é Leonarda Franco (PTB) -mãe de Danilo, o quinto prefeito, e viúva de Cido, o primeiro. O vice dela é Silva, o sétimo prefeito.
"Tudo isto poderia ter sido evitado se a Justiça tivesse sido mais rápida e se a lei fosse mais clara", diz Velasquez. Danilo Franco, procurado, não foi encontrado.


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