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Presidente recua sobre intervenção
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso recuou ontem ao pedir que o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, arquivasse o pedido de intervenção no Espírito
Santo, em vez de remetê-lo ao STF
(Supremo Tribunal Federal).
Há uma semana, antes mesmo
de o CDDPH (Conselho de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana)
analisar o relatório, FHC havia dito que estava "de acordo" com o
envio do pedido ao STF. "Faça-se
o que tem que ser feito", dissera o
presidente ao ministro da Justiça,
Miguel Reale Júnior.
O governo optou pela cautela ao
determinar que o pedido de intervenção fosse baseado em casos de
sistemática violação dos direitos
humanos. O outro caminho seria
justificar a medida pela necessidade de se garantir a manutenção da
ordem pública -o que demandaria uma decisão solitária de
FHC. O presidente não quis passar pelo desgaste político de tomar uma medida considerada extrema durante um ano eleitoral.
O principal opositor ao atual
governo, senador Paulo Hartung
(PSB), é aliado político do presidenciável José Serra (PSDB), candidato de FHC. Ao mudar a atitude sobre a questão, FHC preservou o Estado, mas perdeu o ministro. Reale Júnior entrega o cargo hoje ao presidente.
Na prática, quando o STF decide pela intervenção, o presidente
elabora um decreto especificando
a duração e os termos da medida.
A seguir, o Congresso avalia o decreto presidencial e pode rejeitá-lo caso as ações impostas mostrem-se além, ou aquém, do que
fora determinado pelo Supremo.
O Ministério da Justiça acompanha a situação do Espírito Santo
desde 1994. Há suspeitas de envolvimento de autoridades do Legislativo e do Executivo com o narcotráfico, grupos de extermínio e
jogo ilícito. O principal alvo da
ofensiva dos grupos de direitos
humanos que atuam no Estado e
do Ministério Público é a SDLC
(Scuderie Detetive Le Cocq).
Sobre o grupo, que teria comportamento paramilitar segundo
o MP, recai a suspeita do assassinato do advogado Joaquim Marcelo Denadai no dia 15 de abril.
Após analisar documentos do
MP, de CPIs e ouvir depoimentos
de testemunhas, o CDDPH aprovou a intervenção de forma unânime no dia 4. Reale Júnior e o
procurador-geral integram o grupo e votaram a favor do relatório.
Além do governador, José Ignácio Ferreira (PTN), o presidente
da Assembléia Legislativa, José
Carlos Gratz, também teria seu
mandato interrompido com a intervenção. O deputado seria o
chefe do crime organizado no Estado, segundo o MP Federal.
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