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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Candidato tucano a governador vê "grande atenção" de outros Estados voltada para Minas Gerais
Aécio critica "concentração" do poder em SP
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais e presidente
da Câmara dos Deputados, Aécio
Neves, 42, criticou ontem o que
chamou de "concentração excessiva" do poder político em São
Paulo, afirmando que a sua eleição desperta o interesse de outros
Estados porque Minas poderia
quebrar essa hegemonia.
Aécio fez a declaração após se
encontrar com o governador de
Minas, Itamar Franco (sem partido) -que o apóia-, quando falava sobre as eleições no Estado.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada anteontem, o tucano tem
38% de intenções de voto, e o vice-governador Newton Cardoso
(PMDB), 29%. A margem de erros é de três pontos percentuais
para mais ou para menos.
Para Aécio, os mineiros devem
estar atentos às suas ações políticas. "É importante que os mineiros percebam que há uma expectativa muito grande de todo o país
em relação a essa campanha em
Minas. Não é só a eleição, mas a
reocupação do espaço de influência nas questões nacionais."
E prosseguiu: "Há um enorme
cansaço da concentração excessiva de poder em um Estado apenas
da federação, e me refiro a São
Paulo. Portanto, passa a haver
uma grande atenção por parte de
lideranças políticas e da sociedade
de outros Estados em relação ao
que está ocorrendo em Minas".
Essa crítica é feita também pelo
candidato do PPS à Presidência,
Ciro Gomes (CE), que tem espaço
garantido no palanque do tucano
mineiro pelo fato de PFL, PTB,
PDT e PPS apoiarem os dois.
Nem por isso Aécio deixa de
apoiar a candidatura presidencial
do paulista José Serra (PSDB).
"Meu candidato é José Serra",
reafirmou, dizendo que não vê
problemas em ter Ciro ao seu lado
em alguns eventos.
"Quando a coisa é feita com
muita clareza, não há o menor
constrangimento. O governador
Itamar Franco tem outro candidato a presidente [o petista Luiz
Inácio Lula da Silva", e isso não
nos afasta do compromisso de
unificar Minas. Quando falta a
voz de Minas, não é ruim só para
Minas, é ruim para todo o Brasil."
Sobre seu desempenho no Datafolha, Aécio afirmou: "Os números são estimulantes, mas vocês não vão me ver comemorando pesquisas".
Aécio está promovendo em Minas um verdadeiro "arrastão eleitoral", com métodos que lembram o estilo do antigo PSD, do
qual seu avô Tancredo Neves foi
um dos expoentes. São 12 os partidos que o apóiam: PSDB, PFL,
PPB, PV, PSL, PAN, PRTB, PHS e
PTN. Informalmente, estão PTB,
PDT e PPS.
Ao defender a presença de Minas no centro das decisões nacionais, Aécio segue princípios políticos do seu avô Tancredo (1910-85) e do PSD mineiro, como a negociação, a conciliação e a conversa ao pé do ouvido. Tancredo tinha uma máxima que resumia tudo isso: "Entre a Bíblia e "O Capital" [obra clássica de Karl Marx", o
PSD fica com o "Diário Oficial'".
Itamar Franco, que vai se encontrar hoje com FHC, no Rio,
disse ontem que se o presidente
lhe estender a mão, ele retribuirá
o cumprimento. O ato selaria a
paz entre eles, que se evitaram
desde a posse de Itamar, em 1999.
"No momento em que houve a
participação do Aécio Neves e se
estabeleceu a ponte [para a ajuda
financeira ao Estado], não tenho
dúvida de que se ele [FHC] me estender a mão, e eu sou um homem educado, vou estender a
mão a ele também." FHC, por
meio do seu porta-voz, Alexandre
Parola, disse ontem que "vê com
simpatia o encontro".
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