São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Candidato tucano a governador vê "grande atenção" de outros Estados voltada para Minas Gerais

Aécio critica "concentração" do poder em SP

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais e presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, 42, criticou ontem o que chamou de "concentração excessiva" do poder político em São Paulo, afirmando que a sua eleição desperta o interesse de outros Estados porque Minas poderia quebrar essa hegemonia.
Aécio fez a declaração após se encontrar com o governador de Minas, Itamar Franco (sem partido) -que o apóia-, quando falava sobre as eleições no Estado. Segundo pesquisa Datafolha divulgada anteontem, o tucano tem 38% de intenções de voto, e o vice-governador Newton Cardoso (PMDB), 29%. A margem de erros é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Para Aécio, os mineiros devem estar atentos às suas ações políticas. "É importante que os mineiros percebam que há uma expectativa muito grande de todo o país em relação a essa campanha em Minas. Não é só a eleição, mas a reocupação do espaço de influência nas questões nacionais."
E prosseguiu: "Há um enorme cansaço da concentração excessiva de poder em um Estado apenas da federação, e me refiro a São Paulo. Portanto, passa a haver uma grande atenção por parte de lideranças políticas e da sociedade de outros Estados em relação ao que está ocorrendo em Minas".
Essa crítica é feita também pelo candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes (CE), que tem espaço garantido no palanque do tucano mineiro pelo fato de PFL, PTB, PDT e PPS apoiarem os dois.
Nem por isso Aécio deixa de apoiar a candidatura presidencial do paulista José Serra (PSDB). "Meu candidato é José Serra", reafirmou, dizendo que não vê problemas em ter Ciro ao seu lado em alguns eventos.
"Quando a coisa é feita com muita clareza, não há o menor constrangimento. O governador Itamar Franco tem outro candidato a presidente [o petista Luiz Inácio Lula da Silva", e isso não nos afasta do compromisso de unificar Minas. Quando falta a voz de Minas, não é ruim só para Minas, é ruim para todo o Brasil."
Sobre seu desempenho no Datafolha, Aécio afirmou: "Os números são estimulantes, mas vocês não vão me ver comemorando pesquisas".
Aécio está promovendo em Minas um verdadeiro "arrastão eleitoral", com métodos que lembram o estilo do antigo PSD, do qual seu avô Tancredo Neves foi um dos expoentes. São 12 os partidos que o apóiam: PSDB, PFL, PPB, PV, PSL, PAN, PRTB, PHS e PTN. Informalmente, estão PTB, PDT e PPS.
Ao defender a presença de Minas no centro das decisões nacionais, Aécio segue princípios políticos do seu avô Tancredo (1910-85) e do PSD mineiro, como a negociação, a conciliação e a conversa ao pé do ouvido. Tancredo tinha uma máxima que resumia tudo isso: "Entre a Bíblia e "O Capital" [obra clássica de Karl Marx", o PSD fica com o "Diário Oficial'".
Itamar Franco, que vai se encontrar hoje com FHC, no Rio, disse ontem que se o presidente lhe estender a mão, ele retribuirá o cumprimento. O ato selaria a paz entre eles, que se evitaram desde a posse de Itamar, em 1999.
"No momento em que houve a participação do Aécio Neves e se estabeleceu a ponte [para a ajuda financeira ao Estado], não tenho dúvida de que se ele [FHC] me estender a mão, e eu sou um homem educado, vou estender a mão a ele também." FHC, por meio do seu porta-voz, Alexandre Parola, disse ontem que "vê com simpatia o encontro".



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