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JUDICIÁRIO
Segundo associações de fóruns, paralisação já atinge 85% dos 43 mil servidores em todo o Estado de São Paulo
Greve em SP suspende prazo de processos
DA REPORTAGEM LOCAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A greve que atinge 85% dos 43
mil servidores do Judiciário no
Estado de São Paulo, segundo estimativa das associações dos funcionários, forçou ontem o Tribunal de Justiça a baixar medida que
suspende a contagem dos prazos
processuais.
Segundo a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) de São Paulo, a entidade também havia feito
oficialmente ao TJ um pedido de
suspensão dos prazos.
O provimento foi assinado pelo
presidente do TJ, Luiz Tâmbara, e
é retroativo a 30 de junho. Por
causa da greve, está parada a tramitação dos cerca de 12 milhões
de processos.
Todos os serviços do Judiciário,
como sessões no Tribunal do Júri
e cumprimento de cartas precatórias, também estão suspensos devido à greve. Apenas casos que
são considerados de emergência
estão sendo atendidos.
A paralisação teve início no último dia 29 e se estende aos fóruns
de todo o Estado de São Paulo. Os
servidores reivindicam, entre outros pontos, um reajuste salarial
de 39,1%, que é referente às perdas causadas pela inflação nos últimos dois anos.
O TJ havia acenado com proposta de 26,39%, que foi aceita pela categoria. Mas acabou definindo em 8,33% o reajuste médio.
Assembléias regionais dos servidores recusaram a proposta.
Em nota divulgada ontem, o
presidente do TJ fez apelo para
que os servidores voltem ao trabalho. Tâmbara considerou "justa" a reivindicação, mas alegou
que encaminhou o assunto ao governador Geraldo Alckmin
(PSDB), para que possa "implantar reajuste e obter dotação orçamentária para seu pagamento".
Interior
Cerca de 2.600 processos deixaram de ser ajuizados no Fórum de
Ribeirão Preto em uma semana
de greve, entre ações cíveis, processos de execução fiscal (cobrança de dívidas) e ações do Juizado
de Pequenas Causas. O fórum está
totalmente parado -apenas o
Cartório Eleitoral funcionou normalmente durante a semana.
De acordo com a Assojuris (entidade que representa os funcionários do Judiciário), todos os
funcionários do Fórum de Ribeirão estavam sem trabalhar ontem.
A avaliação da juíza Heloísa
Martins Mimessi, diretora do fórum, é bem próxima -de acordo
com ela, a adesão à paralisação
chega perto de 95%.
Segundo a Assojuris, a cada dia,
uma média de 22 ações e reclamações não estão sendo protocoladas no Juizado de Pequenas Causas, além de 200 ações cíveis e 209
ações de execução fiscal.
A entidade também afirma que
somente os pedidos de liminar estão sendo atendidos porque são
feitos diretamente aos juízes, sem
intermediação de funcionários.
Candidaturas
Durante a semana, a greve mobilizou líderes de partidos políticos da cidade, já que o prazo para
o registro das candidaturas às
eleições municipais deste ano terminou na segunda-feira.
Como o fórum estava com os
trabalhos parados, não havia a
possibilidade de os candidatos
obterem a certidão negativa
-documento que comprova que
o postulante não tem condenação
definitiva na Justiça.
O impasse foi resolvido com a
decisão do Cartório Eleitoral de
aceitar o registro das candidaturas sem a certidão negativa.
Os documentos poderão ser
anexados depois aos pedidos de
registro de candidaturas às eleições de outubro.
Para os líderes da greve, o mercado imobiliário também está
sendo atingido indiretamente pela paralisação, porque os tabeliões
dependem do fórum para atividades, como registrar escrituras.
Nem mesmo os casos de pensão
alimentícia estão tendo andamento no fórum.
Na região de Ribeirão Preto, a
greve também atinge, de forma
parcial, os fóruns de Araraquara,
São Carlos e Franca.
Em assembléia realizada ontem,
os grevistas decidiram continuar
a paralisação, que é por tempo indeterminado.
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