São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

Para Mercadante, São Paulo vive "barbárie" na segurança

Candidato do PT traçou plano para o setor com a ajuda da PF e do ministro da Justiça

Petista elogia o governador Cláudio Lembo (PFL) por negociar a questão com o governo federal e diz que pefelista "herdou essa crise"

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, afirma que a gravidade da crise de segurança pública no Estado exige ações emergenciais e que a melhor saída é invocar a Lei de Execuções Penais. Segundo ele, o Estado não pode oscilar entre "a barbárie extrema das organizações criminosas" -referindo-se aos assassinatos em série de agentes penitenciários nas últimas semanas- e a proliferação de verdadeiros "campos de concentração" para presos.
Mercadante afirma que, se eleito, a prioridade será restabelecer as "condições mínimas de sobrevivência nos presídios". "Caso contrário, as organizações criminosas, cada vez mais, vão se impor", disse. Entre essas ações, ele cita a distribuição de remédios e alimentação decente nos presídios.
Além disso, o candidato defende que sejam definidas regras para que familiares possam levar roupas aos presos. Segundo ele, esse conjunto de ações minimizaria a tensão.
O candidato diz considerar que também é obrigação do Estado dar suporte aos agentes penitenciários. "Se esse processo se aprofundar, vão começar os assassinatos entre presos, para chamar a atenção das autoridades. Começarão a matar e continuarão atacando os agentes penitenciários."
Na segunda-feira, será publicada portaria federal regulamentando o porte de armas para agentes fora do horário de trabalho. Mercadante passou os últimos dias negociando essa concessão com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O ministro e assessores dele auxiliam Mercadante na elaboração do programa para a segurança.
Outra medida emergencial, cita o candidato, seria a triagem dos detentos nos presídios. "Os presos devem ser separados por grau de periculosidade."

Poupança
Além das ações emergenciais, Mercadante propõe que todos os presídios sejam industriais, com cursos profissionalizantes, e a formação de poupança para os detentos. A legislação prevê que, a cada três dias trabalhados no presídio, a pena diminui em um dia. A poupança seria sacada após a pena, para ajudar na ressocialização.
Questionado se falta iniciativa ao governador Cláudio Lembo (PFL) para enfrentar as últimas ações do PCC, Mercadante evitou polêmica: "Ele herdou essa crise. Houve total desencontro e falta de coordenação e consistência entre as políticas prisional e de segurança pública". Ele elogiou Lembo por negociar com o governo federal.

Contribuições na internet
Ontem, após caminhada na Capela do Socorro (zona sul de São Paulo), Mercadante prometeu colocar na internet, pelo menos uma vez por mês, as contribuições e as despesas de campanha durante a disputa.
Na região, com cerca de 400 mil eleitores, ele deu autógrafos em bandeiras do PT e ouviu elogios e críticas ao partido.
Indagado se revelará os nomes dos doadores, respondeu: "Do meu ponto de vista, não tem nenhum problema, com total transparência. Espero que os outros façam isso".
Ele disse que recebeu promessas de várias empresas, mas nenhuma doação ainda. (MALU DELGADO E RUBENS VALENTE)


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