São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Silêncio incômodo

Com as denúncias contra Renan Calheiros (PMDB-AL) se acumulando em várias frentes há cinco semanas, já incomoda um grupo de senadores a falta de uma manifestação clara do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, sobre a possibilidade de investigar o presidente da Casa.
O caso Schincariol, que foge ao objeto da representação contra Renan no Conselho de Ética, deveria, no entender desse grupo, ser apurado por iniciativa do próprio Ministério Público Federal. Dirigentes da oposição devem visitar Antônio Fernando nesta semana. Se ele disser que precisa ser "provocado" para questionar Renan, os senadores tomarão a iniciativa.

Pule de dez. Os primeiros desencontros entre a trinca de relatores do caso Renan já levam os membros do Conselho de Ética a apostar que dificilmente sairá dali um relatório único. "Haverá um relatório paralelo, e deverá ser o do Almeida Lima", profetiza um membro da base aliada.

Outros projetos. José Sarney tem dito que nem ele nem Roseana (PMDB-MA) são candidatos ao lugar de Renan. Além da conhecida aversão do ex-presidente a bolas divididas, ele acha que a família deve se concentrar em retomar o poder no Maranhão, com o desgaste dos adversários na Operação Navalha.

Em tempo. A navalha que cortou os adversários também ameaça a família Sarney, ligada de modo estreito ao empreiteiro Zuleido Veras.

Sinais trocados. Ideli Salvatti (PT-SC), da linha de frente da defesa de Renan, deu entrevista em Santa Catarina lançando sua candidatura ao governo. Espera a aliança com o PP, ensaiada em 2006. Deve enfrentar o grupo do governador Luiz Henrique, que, apesar de ser do PMDB, não defendeu Renan.

Xô 1. Se o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) cumprir a promessa de apresentar na terça-feira o relatório do projeto que prorroga a CPMF, o DEM promete obstruir os trabalhos na Comissão de Constituição e Justiça, para impedir que a proposta seja votada antes do recesso.

Xô 2. Para se entrincheirar na CCJ contra a prorrogação do imposto do cheque, o DEM fez uma troca de soldados na comissão. O comandante da campanha "Xô CPMF", Paulo Borhnausen (SC), foi escalado para fazer dupla com ACM Neto na obstrução.

Performático. Miguel Jorge tem passado apuro quando, em eventos oficiais, Lula dispensa o discurso escrito e o entrega para ser lido pelo ministro. Por três vezes, o ex-dirigente da Autolatina viu-se iniciando a frase: "Quando eu era sindicalista...".

Não desistem. O fracasso da reforma política renovou na base aliada a idéia de convocação de uma assembléia constituinte exclusiva para definir mudanças no sistema eleitoral. O assunto foi levantado na última reunião do Conselho Político de Lula.

De cima. Cada grupo de deputados do mesmo Estado teve direito a incluir dez emendas no projeto de LDO enviado pelo governo ao Congresso. Boa parte dos parlamentares, porém, diz não ter sido consultada pelos coordenadores de bancada.

Em casa 1. As suspeitas na licitação para a construção da nova sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais sugerem que pode vir a ser útil o convênio firmado em janeiro último entre o Judiciário e o Executivo estaduais para fiscalizar o uso de recursos públicos.

Em casa 2. O convênio inclui auditoria em licitações. O presidente do TJ, desembargador Orlando Carvalho, elogia o acordo, mas diz que a cooperação do governo Aécio, para evitar trabalho dobrado, só virá na fase da construção.

Tiroteio

Lula deveria ser usado em pesquisas para a obtenção de um material ainda menos aderente que teflon, que pode até ser batizado com seu nome.


Do deputado ACM NETO (DEM-BA) sobre os altos índices de aprovação ao presidente, confirmados pela mais recente pesquisa Ibope/CNI.

Contraponto

Só rezando

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), permaneceu de pé na tribuna do Senado por mais de duas horas na última terça-feira, quando vários colegas fizeram apartes a um discurso dele pedindo que Renan Calheiros (PMDB-AL) se afastasse da presidência da Casa.
No dia seguinte, foi abordado por um paraense:
-Senador, o senhor ficou 2 horas e 55 minutos de pé. Mais um pouco e poderia fazer a procissão do Círio de Nazaré. Tasso, que é católico, aproveitou a menção para demonstrar o desconforto com a crise no Senado.
-Se eu estivesse com a santa seria melhor!


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