São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

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Caso mensalão está na origem de investigação

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O escândalo do mensalão está na origem da investigação que culminou na Operação Satiagraha, mas os grupos desarticulados ontem, segundo a PF, nada têm a ver com a engenharia montada pelo PT para o pagamento de mesadas a integrantes do partido e da base aliada.
Apesar de partir de supostas fontes financiadoras do mensalão, as investigações tomaram o rumo da guerra travada pelas teles e da atuação de doleiros encarregados de lavar dinheiro de corrupção.
Ainda assim, quatro pessoas que tiveram prisão decretada ontem estão intimamente ligadas às investigações do valerioduto e são citadas no relatório final da CPI dos Correios, que investigou o caso. Entre elas, está o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Apontado como um dos financiadores do esquema de pagamentos a aliados do governo descoberto em 2005, ele agora é acusado de ser "comandante da organização criminosa" alvo da Operação Satiagraha.
Os outros são Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas e dirigente do Opportunity; Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom Participações; e Lúcio Bolonha Funaro, operador do mercado financeiro, recorrente em investigações.
Funaro é o elo entre as apurações do mensalão e as da Satiagraha, afirmaram agentes da PF. Ele é acusado de ser o dono "de fato" de corretoras de valores registradas no nome de laranjas e usadas para lavar dinheiro e enviar quantias ao exterior.
Uma delas, a Garanhuns Participações e Empreendimentos, é acusada de ser usada pelo empresário Marcos Valério, operador confesso do mensalão, para repassar cerca de R$ 10 milhões ao PL (atual PR), partido da base do governo Lula. A denúncia faz parte do relatório final da CPI.
Mas a Satiagraha nasceu de dados obtidos pela CPI de que as empresas Telemig Celular e Amazônia Celular, controladas à época pelo Opportunity, injetaram recursos nas agências de publicidade DNA e SMPB, de Valério.
Segundo relatório da comissão, as teles eram controladas pelo Opportunity Fund, com sede no paraíso fiscal das ilhas Cayman, acusado de movimentar dinheiro ilegalmente no exterior. Telemig e Amazônia Celular pagaram às agências de Valério R$ 152 milhões, de 2000 a 2005, sendo um dos principais clientes do empresário.
Segundo a CPI, serviços de publicidade que deveriam ser prestados pela DNA e pela SMPB não foram comprovados.


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