|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procuradoria investigará a aquisição da BrT pela Oi
Investigação vai avaliar se Anatel cometeu irregularidades ao conceder autorização
Apuração, que corre desde 2008, será cruzada com um inquérito que a PF de São Paulo deve abrir em razão da Operação Satiagraha
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A compra da companhia telefônica Brasil Telecom pela Oi/
Telemar, negócio avaliado em
R$ 13 bilhões que recebeu financiamento de dois bancos
públicos, é alvo de procedimento aberto pela Procuradoria da
República no Distrito Federal.
O procedimento é uma medida tomada pelos procuradores
antes de decidirem se abrem ou
não inquéritos ou ações.
A investigação pretende avaliar se a Anatel, a agência fiscalizadora do governo federal, cometeu irregularidades ao conceder em dezembro passado,
em tempo recorde, uma anuência prévia para o negócio.
Os achados da apuração, que
corre desde 2008, serão cruzados com um inquérito que a Polícia Federal de São Paulo deverá abrir em decorrência da
Operação Satiagraha, a força-tarefa formada em 2007 pela
PF e pela Procuradoria da República em São Paulo para investigar o banqueiro Daniel
Dantas e o grupo Opportunity.
Protocolo
O pedido de abertura do inquérito policial foi protocolado
na última sexta-feira, na 6ª Vara Federal Criminal, pelo procurador da República Rodrigo
de Grandis. Ele também denunciou Dantas e mais 13 pessoas por gestões fraudulenta e
temerária. O juiz Fausto Martin De Sanctis não havia decidido a respeito do pedido até o
início da noite de ontem.
A Procuradoria em Brasília já
identificou indícios de irregularidades na fusão. Em 18 de dezembro, antes do fechamento
do negócio, o procurador Paulo
José Rocha Júnior emitiu duas
recomendações ao presidente
da Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações), Ronaldo
Sardenberg.
Ele queria que a Anatel tomasse precauções extras antes
da anuência. Os pedidos, segundo a Procuradoria, não foram atendidos. Além disso, ingressou com um mandado de
segurança, que acabou perdendo efeito antes de ser julgado.
"As conclusões preliminares
são aquelas das recomendações
e da primeira ação. Se a Anatel
não as cumpriu, há, em princípio, algumas ilegalidades a serem corrigidas. Deve-se, contudo, terminar a análise das justificativas da Agência, concomitantemente com a apuração
dos novos fatos", informou Rocha Júnior, em e-mail enviado
pela assessoria de imprensa da
Procuradoria.
Decreto
A fusão só foi possível depois
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva alterou, por meio
de decreto, regras então em vigor. A empresa de um filho do
presidente, Fábio Luís, manteve contrato com a Telemar.
As investigações da Operação Satiagraha -deflagrada no
dia 8 de julho de 2008- revelaram a atividade do ex-deputado federal Luís Eduardo Greenhalgh (PT-SP) no sentido de
auxiliar Dantas a fechar acordo
com os fundos de pensão, também acionistas da BrT. Um
acordo prévio abriria espaço
para a venda da BrT, mas Dantas dizia não ter "comunicação" com os fundos. Eles haviam feito diversas denúncias
sobre desmandos de Dantas no
controle da BrT.
Dantas declarou à CPI dos
Grampos que Greenhalgh
"atuou meio como um negociador e meio como um mediador,
na tentativa de obter um acordo [com os fundos], acordo esse que não conseguimos".
Sendo um dos acionistas da
BrT, empresa que controlou
até 2005, Daniel Dantas tinha
interesse direto na fusão.
Em janeiro passado, a Oi/Telemar pagou R$ 5,8 bilhões e
passou a assumir o controle da
Brasil Telecom. Não foi divulgado o valor que coube a Dantas no negócio.
Texto Anterior: Câmara: Dono de castelo tem segunda vitória no Conselho de Ética Próximo Texto: Outro lado: Anatel diz que a venda da Brasil Telecom foi legal Índice
|