São Paulo, quinta-feira, 09 de julho de 2009

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Senadores aprovam a indicação de Gurgel para procurador-geral

Em sabatina na CCJ, escolhido por Lula foi mais elogiado do que questionado

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O plenário do Senado aprovou ontem, por 60 votos a 5, o nome de Roberto Monteiro Gurgel, 54, para o cargo de procurador-geral da República. Ele substituirá Antonio Fernando Souza, que ocupou a cadeira durante quatro anos e foi o autor das denúncias contra os envolvidos no mensalão e contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT).
Durante sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde foi aprovado por unanimidade, Gurgel foi mais elogiado do que questionado.
Antes mesmo de começar a sessão de perguntas, alguns senadores chegaram a pedir para que o presidente da comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO) iniciasse a votação.
O clima elogioso chegou ao ponto de o senador tucano Tasso Jereissati (CE) parabenizar Lula, seu adversário, pela indicação. "Eu queria parabenizar o presidente Lula pela linha adotada em relação ao Ministério Público desde a indicação de Claudio Fonteles até chegar ao nome de Gurgel. E olha que eu fazer uma menção elogiosa ao presidente é realmente difícil."
Ao responder às poucas questões realizadas, Gurgel disse, por exemplo, que não existem, "por enquanto", evidências de que parlamentares tenham participado das irregularidades envolvendo a Casa, como a publicação de atos secretos. Afirmou, porém, que o caso está sendo investigado "com a firmeza necessária" por procuradores da primeira instância.
Questionado por Eduardo Suplicy (PT-SP) se ele poderia dar algum conselho ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ou a outros colegas a respeito da atual crise, Gurgel respondeu: "Por enquanto nada aponta para a responsabilidade de pessoas sujeitas à jurisdição do Supremo".
O novo procurador-geral, que só passará a exercer a função após tomar posse, defendeu a concessão de asilo político ao ex-militante da extrema esquerda italiana Cesare Battisti -que segue preso à espera de uma decisão do STF sobre sua extradição à Itália, onde é condenado por assassinato.
Durante toda a sabatina, poucos senadores prestavam atenção no que dizia Gurgel. Em alguns momentos, ficava difícil ouvir o que o sabatinado ou senadores falavam ao microfone, pelo excesso de conversas paralelas. Torres chegou a fazer alusão ao ambiente escolar, cobrando um bom comportamento dos senadores.
Como o mandato de Souza terminou no último dia 28 e o nome de Gurgel ainda não havia sido escolhido, Deborah Duprat está interinamente no comando da Procuradoria.


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