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Senadores aprovam a indicação de Gurgel para procurador-geral
Em sabatina na CCJ, escolhido por Lula foi mais elogiado do que questionado
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O plenário do Senado aprovou ontem, por 60 votos a 5, o
nome de Roberto Monteiro
Gurgel, 54, para o cargo de procurador-geral da República. Ele
substituirá Antonio Fernando
Souza, que ocupou a cadeira
durante quatro anos e foi o autor das denúncias contra os envolvidos no mensalão e contra
o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT).
Durante sabatina na CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça), onde foi aprovado por
unanimidade, Gurgel foi mais
elogiado do que questionado.
Antes mesmo de começar a
sessão de perguntas, alguns senadores chegaram a pedir para
que o presidente da comissão,
Demóstenes Torres (DEM-GO) iniciasse a votação.
O clima elogioso chegou ao
ponto de o senador tucano Tasso Jereissati (CE) parabenizar
Lula, seu adversário, pela indicação. "Eu queria parabenizar o
presidente Lula pela linha adotada em relação ao Ministério
Público desde a indicação de
Claudio Fonteles até chegar ao
nome de Gurgel. E olha que eu
fazer uma menção elogiosa ao
presidente é realmente difícil."
Ao responder às poucas
questões realizadas, Gurgel disse, por exemplo, que não existem, "por enquanto", evidências de que parlamentares tenham participado das irregularidades envolvendo a Casa, como a publicação de atos secretos. Afirmou, porém, que o caso
está sendo investigado "com a
firmeza necessária" por procuradores da primeira instância.
Questionado por Eduardo
Suplicy (PT-SP) se ele poderia
dar algum conselho ao presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), ou a outros colegas a respeito da atual crise,
Gurgel respondeu: "Por enquanto nada aponta para a responsabilidade de pessoas sujeitas à jurisdição do Supremo".
O novo procurador-geral,
que só passará a exercer a função após tomar posse, defendeu
a concessão de asilo político ao
ex-militante da extrema esquerda italiana Cesare Battisti
-que segue preso à espera de
uma decisão do STF sobre sua
extradição à Itália, onde é condenado por assassinato.
Durante toda a sabatina,
poucos senadores prestavam
atenção no que dizia Gurgel.
Em alguns momentos, ficava
difícil ouvir o que o sabatinado
ou senadores falavam ao microfone, pelo excesso de conversas paralelas. Torres chegou
a fazer alusão ao ambiente escolar, cobrando um bom comportamento dos senadores.
Como o mandato de Souza
terminou no último dia 28 e o
nome de Gurgel ainda não havia sido escolhido, Deborah
Duprat está interinamente no
comando da Procuradoria.
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