São Paulo, quinta, 9 de julho de 1998

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PAINEL


Medida preventiva
Para não correr risco de infração à lei eleitoral, o comitê de campanha de FHC bancará todas as viagens do presidente aos Estados no período eleitoral. Mesmo as que o tucano fizer para cumprir agenda presidencial.

Não podia ser diferente
A assessoria de FHC concluiu que há sempre o risco de um ato oficial virar comício ou da presença de um funcionário do comitê em uma solenidade, o que é proibido. É inerente à reeleição.

Levantou uma lebre...

FHC avalia hoje que foi um erro de seus marketeiros terem defendido que a lei eleitoral definisse "o que pode e o que não pode um presidente-candidato". É quase impossível, pois os dois papéis se confundem.


...e não tirou proveito

Na prática, FHC tem de se explicar sobre denúncias de uso da máquina do mesmo jeito. Como o STF precisa ser provocado, seria melhor uma lei eleitoral mais enxuta. A jurisprudência e a ação de adversários delineariam limites ao longo da campanha.


Melhor não exagerar

Auxiliares de FHC concluíram que soaria artificial e oportunista uma viagem à França para a final da Copa. Ao contrário do argentino Carlos Menem, que acompanha os jogos de sua seleção, o brasileiro não tem o futebol entre os seus hábitos.

Recurso previsível
Os responsáveis pelo programa "Brasil em Ação" estão quebrando a cabeça para ver como encaixam FHC nas 12 inaugurações de obras previstas até o final do ano. A provável saída é levar o presidente para uma visita aos canteiros de obras.


Dança do poder
O PMDB é o partido aliado do governo com maior número de candidatos aos governos estaduais: 19. Seguido do PSDB (14), PFL (12), PPB (4) e PTB (3). Os aliados estão juntos só no Amapá, Rio Grande do Sul e Paraíba. Nos demais, é briga pura.

Banda direita
Dos cinco partidos que integram a coligação reeleitoral, é com o pequeno PTB que os tucanos têm o maior número de coligações estaduais: 15, no total. Em 2º estão o PFL e o PPB, com 13 coligações. Com o PPS de Ciro são 8 alianças.

Agenda oficiosa
Secretário-geral da ONU, Kofi Annan chega no sábado ao Brasil com cobrança de US$ 97 mi que o país deve ao organismo.


Bolsa de apostas

Uma ala do governo defende um nome forte para a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás como forma de enfrentar Joel Rennó, presidente da estatal. Os nomes do tucano José Roberto Mendonça de Barros e de Pedro Parente, mais palatável ao PFL, estão no páreo.


Guerra surda

Os grupos de Calim Eid e de Edevaldo Alves da Silva já se digladiam nos bastidores da campanha de Maluf (PPB) ao governo paulista pelo posto de coordenador-geral. Candidatos a deputado federal preferem Eid.


Dança dos números

Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que FHC venceria a eleição no 1º turno. Teria 42% das intenções de voto. A seguir: Lula (25%), Ciro (5%), Eneás (4%) e outros candidatos (2%). Votos brancos e nulos somariam 12%. Os indecisos, 10%.


Bem informado
O comitê de FHC está atento a tudo o que acontece na campanha de Lula. Trabalha com notícias de falta de organização, agenda de viagens e de dinheiro. Nada que preocupe ou que faça o presidente mudar de planos. Pelo menos por enquanto.


Hora extra
O baixo desempenho de Ciro (PPS) nas pesquisas não assusta FHC. Mas a taxa de mais de 50% do ex-ministro no Ceará foi suficiente para tirar o Estado do roteiro imediato de viagens do presidente. O tucano Tasso foi cobrado a mostrar serviço.


Deu o bolo

Ciro Gomes marcou uma passeata no centro do Rio para as 14h de ontem. Um grupo de cerca de 30 militantes do PPS ficou ouvindo uma bandinha até quase 17h, quando foi avisado de que o candidato não apareceria.

e-mail:painel@uol.com.br

TIROTEIO

De José Genoino (PT), sobre Carlos Pacheco, coordenador do programa de governo de FHC, ter chamado as propostas de Lula de "ingênuas":
- A arrogância intelectual tucana só é proporcional ao bico. Vão quebrar os dois na eleição.

CONTRAPONTO

Hora da desforra Nos pacotes econômicos, o Ministério da Fazenda enfrenta sempre um adversário com o qual tem de negociar: o Congresso. De um lado, os assessores econômicos querendo cortar gastos. Do outro, deputados ansiosos por mais verbas do Orçamento.
No governo Collor, o atual secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Martus Tavares, então secretário-adjunto de Política Econômica, participou de uma dessas negociações.
Na época, Zélia Cardoso de Mello era a ministra da Economia. Tavares jogava pesado com o então líder do governo, Humberto Souto (PFL-MG), quando um assessor se aproximou do deputado e cochichou algo.
- Viu? Vocês são insensíveis, não negociam com o Congresso, e acaba acontecendo isso - disse o líder Souto.
- O que aconteceu, deputado? - perguntou Tavares.
E Souto, com ar vitorioso:
- A sua ministra foi demitida!



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