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CONTAS
União, Estados e municípios usaram R$ 60,472 bilhões acima de suas receitas em período de 12 meses, diz BC
Juros elevam déficit público a 6,72% do PIB
da Sucursal de Brasília
O aumento dos gastos com juros
da dívida provocou nova elevação
do déficit público, segundo dados
divulgados ontem pelo BC (Banco
Central).
União, Estados, municípios e estatais gastaram R$ 60,472 bilhões
acima de suas receitas no período
de 12 meses encerrado em abril,
ou 6,72% do PIB (Produto Interno
Bruto, a soma dos bens e serviços
produzidos no país).
Até março, o déficit medido pelo
mesmo critério estava em 6,5% do
PIB (R$ 58,43 bilhões).
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes,
disse que o resultado das contas
públicas deve continuar piorando
até agosto. A partir de setembro,
afirmou ele, os resultados devem
melhorar.
Segundo ele, a tendência neste
ano é obter um resultado melhor
que o déficit de 6,11% do PIB registrado em 1997.
Motivos
Dois fatores principais devem
contribuir para melhorar o resultado a partir de setembro: a redução dos juros pagos pelo governo
na rolagem da sua dívida e a melhora no nível da atividade econômica.
Um dos motivos que contribuíram para piorar o resultado do governo federal foi a elevação da
TBC (Taxa Básica do BC) em novembro do ano passado.
Essa medida foi adotada para
evitar a fuga de recursos estrangeiros o Brasil após o inicio da crise
asiática, mas também aumentou o
custo da dívida pública.
De acordo com os dados do BC,
o pagamento de juros pelo governo federal passou de R$ 23,471 bilhões em janeiro para R$ 28,934
bilhões em abril, considerando
sempre o fluxo de 12 meses.
No mesmo período, os juros pagos pelos governos regionais caíram de R$ 24,693 bilhões para R$
24,235 bilhões.
Lopes disse que a redução da
TBC anual, que chegou a 43,41%
em novembro de 1997 e hoje está
em 21%, vai contribuir par reduzir
os gastos do governo federal com
o pagamento de juros.
Receitas atípicas
Se adotado o conceito primário
de déficit, que desconsidera os
gastos com juros, o resultado das
contas públicas se manteve praticamente estável, mas graças a receitas atípicas do governo federal.
É o caso, por exemplo, dos R$
4,1 bilhões arrecadados com a
concessão da banda B da telefonia
celular.
Outro exemplo é o Imposto de
Renda cobrado sobre o estoque
das aplicações financeiras. Esses
dois tipos de receita não vão se repetir nos próximos meses e isso
deve elevar o déficit público.
Pelo conceito primário, o resultado das contas públicas nos 12
meses terminados em abril registrou déficit de R$ 7,304 bilhões.
Foi um pequeno crescimento em
relação ao déficit registrado nos 12
meses terminados em março (R$
7,165 bilhões).
Déficit primário
Quando comparado com o PIB,
o déficit primário ficou praticamente estável no período. Passou
de 0,8% do PIB, em março, para
0,81% do PIB em abril, considerando sempre o período de 12 meses. Em janeiro, o déficit era de
0,82% do PIB.
Os dados do BC mostram que o
governo central obteve um superávit primário de 0,31% do PIB
(R$ 2,793 bilhões), e os governos
regionais apresentaram déficit de
1,12% do PIB (R$ 10,097 bilhões).
Pelo conceito nominal, que inclui os juros, o governo federal, ou
central (incluindo as estatais federais), teve déficit de R$ 26,140 bilhões.
As contas dos governos regionais acumularam déficit de R$
34,332 bilhões.
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