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PÚBLICO X PRIVADO
DTC tenta captar R$ 20 mi junto aos fundos de pensão
Empresa da qual EJ era sócio negocia com fundos
ALEXANDRE OLTRAMARI
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A empresa DTC (Direct To
Company), da qual o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo
Jorge Caldas Pereira era sócio até
19 dias atrás, negocia com os principais fundos de pensão do país
uma operação para captar até R$
20 milhões.
No governo, EJ articulou a indicação de dirigentes de fundos de
pensão das estatais. Mas, em depoimento em subcomissão do Senado, ele negou formalmente que
tenha feito tais indicações.
A negociação começou há cerca
de quatro meses, quando EJ ainda
era sócio da DTC, empresa criada
no ano passado e que precisa captar dinheiro no mercado para se
tornar viável.
A DTC tenta vender R$ 20 milhões em debêntures (títulos financeiros que rendem juros ao
comprador e podem ser convertidos em ações).
Os papéis da DTC foram oferecidos ao ex-presidente do Banco
do Brasil Alcir Calliari, que hoje
dirige a GTD Participações, empresa criada por 11 dos maiores
fundos de pensão do país.
O principal acionista da GTD é a
Previ (21,6%), fundo de pensão
do BB que tem R$ 32,5 bilhões em
investimentos e comanda 58 empresas.
Segundo Calliari, os fundos de
pensão estão analisando a compra de papéis da DTC, que tem
entre os sócios Edson Soares Ferreira, ex-diretor de crédito do BB
e conselheiro da Previ até junho
do ano passado.
"Aparentemente, o negócio é
interessante, mas ainda não decidimos nada porque estamos fazendo uma análise técnica", afirmou Calliari. "As debêntures da
DTC não foram oferecidas apenas
para a gente. Vários fundos também receberam a proposta de
maneira individual."
A empresa Blue Chip Consultoria, sócia da DTC, ficou encarregada de negociar os papéis no
mercado. Ela pertence ao empresário Carlos Casagrande Sehbe.
Ele nega estar negociando os papéis da DTC com fundos de pensão, mas admite ter procurado
Calliari na GTD. "Procurei vários
investidores. A GTD foi apenas
um deles", afirmou Sehbe.
Consultoria
A empresa contratada pela DTC
para negociar as debêntures manteve negócios com uma das empresas de EJ, a EJPConsultoria. A
Folha obteve três notas fiscais
emitidas pela EJP entre maio e julho deste ano em favor da Blue
Chip, que somam R$ 59 mil. Elas
indicam que a empresa do ex-secretário da Presidência foi contratada pelo próprio sócio (Sehbe)
na DTC para prestar consultoria.
Sehbe admitiu ter contratado EJ
para o ajudar na tarefa de procurar investidores para a DTC, mas
negou ter usado os serviços dele
para negociar com os fundos de
pensão. "Fundo de pensão não se
interessa por negócio pequeno."
Ao admitir estar negociando
com a GTD, o empresário entra
em contradição. É que por trás da
GTD estão alguns dos maiores
fundos de pensão do país. A GTD
é controlada por 11 fundos de
pensão. Desse total, sete pertencem a funcionários de empresas
públicas, como o BB, e quatro de
empresas privadas.
A DTC, que aguarda a resposta
sobre a captação de dinheiro dos
fundos de pensão, é uma empresa
em fase de montagem. Irá atuar
nas áreas de televisão paga e Internet. Seu principal acionista é o
empresário Mário Petrelli, dono
de emissoras de televisão em Santa Catarina e no Paraná.
Negócio
EJ e o ex-diretor de crédito do
Banco do Brasil Edson Soares Ferreira receberam ações da empresa
no final do ano passado sem desembolsar nenhum real. EJ ficou
com 10% e Ferreira, com 5%.
EJ deixou a sociedade no final
do mês passado, no auge da crise
que envolve seu nome com a liberação de verbas para o TRT de São
Paulo e com a intermediação de
negócios com o governo federal.
A empresa divulgou a versão de
que EJ saiu da sociedade porque
não fez o aporte de recursos a que
havia se comprometido.
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