São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2000


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JUSTIÇA
Subprocuradora-geral da República Delza Curvello acusa procuradores de promover o "achincalhe" de sua imagem
Procuradoria passa por disputa interna

Alan Marques - 5.jul.2000/Folha Imagem
O procurador-geral Geraldo Brindeiro, em cerimônia no Planalto



DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise entre procuradores da República provocada pelo caso da obra superfaturada do TRT de São Paulo já chegou ao Ministério da Justiça. A subprocuradora-geral da República Delza Curvello apelou ao CDDPH (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), órgão do Ministério da Justiça, contra 25 colegas por falsidade ideológica. Delza acusa o grupo de procuradores e principalmente Luiz Francisco de Souza de promover o "achincalhe" de sua imagem.
A atuação de Delza e do subprocurador Washington Bolivar Júnior no caso do TRT está sendo investigada pela própria corregedoria da Procuradoria com base num pedido feito por nove procuradores, para quem os dois teriam facilitado a liberação de R$ 12,9 milhões para a obra. É esse procedimento que Delza questiona em sua representação.
A ação, no entanto, é interpretada por membros do MP e por advogados ouvidos pela Folha como uma providência mais política do que prática, pois o conselho não pode tomar nenhuma medida efetiva além de apoiá-la. A outra providência prática seria seria, caso concorde com o argumento da subprocuradora, encaminhar uma representação criminal. Mas isso a própria Delza já fez.
A subprocuradora também já reclamou dos mesmos colegas na corregedoria do MP. Mas, segundo a Folha apurou, ela não está satisfeita com a resposta que vem conseguindo nos órgãos internos e, por isso, apelou ao Executivo. Ela espera pegar carona na ofensiva do governo contra a ação do Ministério Público no caso EJ. Procurada ontem, Delza não quis dar entrevista.
Em sua representação, Delza afirma que Luiz Francisco modificou a capa do procedimento contra ela depois de mostrar o material para a imprensa. Inicialmente, ela e Bolivar seriam os "suspeitos" da ação. Na segunda versão, incluída nos registros eletrônicos do MP, o nome dos procuradores teriam sido retirados e passado a constar apenas a Secretaria do Tesouro Nacional.
Delza também reclama do relacionamento que Luiz Francisco mantém com a imprensa. A subprocuradora incluiu na representação um e-mail enviado por Luiz Francisco a outros procuradores na época da divulgação do processo contra o então senador Luiz Estevão. Na mensagem, Luiz Francisco defende a "simbiose" com a imprensa mediante a divulgação de detalhes das investigações (veja fac símile da mensagem nesta página).
Delza classifica o episódio de "crise localizada" no MP. Para advogados e membros do próprio MP ouvidos pela Folha, trata-se de mais um episódio da disputa entre duas correntes, uma mais e outra menos investigativa.
Delza faz parte do grupo mais antigo de procuradores e costuma acompanhar as idéias do Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro.
Já Luiz Francisco, mesmo sendo respeitado pelos colegas, vem tendo sua atuação criticada no episódio EJ. Segundo esses procuradores, Luiz Francisco fala mais do que poderia ao divulgar fatos antes que possa prová-los.
Segundo Luiz Francisco, a intenção de Delza Curvello de acusá-lo de falsidade ideológica não procede. Luiz Francisco argumenta que quem escreve as capas de procedimentos são funcionários do MP.
Seu colega na ação, o procurador Guilherme Schelb, afirmou que é "normal" a troca de capas dos procedimentos quando há novos fatos ou quando é preciso corrigi-las.


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