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Caso EJ atrasa o código de ética
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discussão desde 97, pronto
desde fevereiro deste ano, o Código de Conduta da Alta Administração Federal agora está atrasado
por um novo motivo: o caso EJ.
O código é um conjunto de normas que pretende padronizar o
comportamento de aproximadamente 400 altas autoridades do
governo federal, entre ministros,
secretários de Estado, funcionários do primeiro escalão.
Como muitos dos artigos do código se referem a atividades dos
servidores depois que saem do
governo, é inevitável a associação
com as atividades do ex-secretário da Presidência Eduardo Jorge.
Há entre alguns integrantes do
governo, segundo a Folha apurou, o temor de que o anúncio do
código agora pudesse carimbá-lo
como "código do EJ".
Como há também divergências
sobre alguns aspectos legais do
código -por exemplo, se há parâmetro legal para exigir quarentena de autoridades que deixem o
governo-, ainda não há data para o presidente Fernando Henrique Cardoso assinar um decreto e
colocar as novas regras em vigor.
Um dos aspectos mais polêmicos do código é a quarentena, ou
"período de interdição", como está escrito no texto a que a Folha
teve acesso -e que está com FHC
desde fevereiro passado.
A idéia inicial era fixar o período
de quarentena em seis meses, sem
remuneração, para atividades privadas correlatas às exercidas no
cargo. Está assim no texto em poder da Folha. Mas o governo quer
reduzir esse tempo para quatro
meses, como o dos ex-funcionários de agências reguladoras.
No texto com FHC, o período de
interdição é marcado por duas
obrigações. Um ex-servidor não
poderá:
1) "atuar em benefício ou em
nome de pessoa física ou jurídica,
inclusive sindicato ou associação
de classe, em processo ou negócio
do qual tenha participado, direta
ou indiretamente, em razão do
cargo";
2) "prestar consultoria a pessoa
física ou jurídica, inclusive sindicato ou associação de classe, valendo-se de informações não divulgadas publicamente a respeito
de programas ou políticas do órgão ou da entidade da Administração Pública Federal, a que esteve vinculado ou com que tenha tido relacionamento direto e relevante no período de seis meses
imediatamente anterior ao término do exercício de função pública".
Há também uma terceira razão
para FHC não desejar adotar já as
novas regras. Mais de uma dezena
de assessores especiais em ministérios tem salários complementados por empresas que prestam
serviço ao governo. Com a adoção
do código, essa prática será proibida.
Leia a íntegra da proposta de Código de
Conduta da Alta Administração Federal
no Universo Online:
www.uol.com.br/fernandorodrigues
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