|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LEGISLATIVO
Coligações lideradas por Marta Suplicy e Luiza Erundina elegeriam hoje mais da metade dos 55 vereadores
Esquerda deve obter maioria na Câmara
MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO
Uma estimativa sobre a composição da nova Câmara Municipal
de São Paulo, feita com base na última pesquisa Datafolha, indica
que as duas coligações de esquerda, lideradas por Marta Suplicy
(PT) e Luiza Erundina (PSB), elegeriam hoje 33 vereadores, 20 a
mais do que suas atuais bancadas.
Já as bancadas dos partidos que
apóiam o prefeito Celso Pitta
(PTN) devem encolher bastante
na Câmara Municipal. Juntos,
PPB, PMDB, PFL, PTN e PL perderiam 17 de seus vereadores.
A projeção foi feita com base na
última pesquisa Datafolha, feita
em 26 de julho, que apontou a liderança de Marta Suplicy (PT)
com 33%, seguida de Paulo Maluf
(PPB) e Luiza Erundina (PSB),
ambos com 17%; Romeu Tuma
(PFL), 5%; Geraldo Alckmin
(PSDB), 4%; Fernando Collor
(PRTB), 2%; e Eneas Carneiro
(Prona), também com 2%.
Estimativa
A dificuldade para utilizar esses
dados para estimar a composição
futura da Câmara Municipal é
que a votação para prefeito nunca
é idêntica à votação para vereador. É possível contudo calcular
uma média das eleições anteriores para obter uma projeção mais
confiável.
No caso de São Paulo, cada 1%
dos votos recebidos pelos candidatos do PT a prefeito nas últimas
três eleições (1988, 1992 e 1996) resultaram em 1,1% de vagas na Câmara para sua coligação. Essa taxa caiu para 0,8% no caso do PPB,
mas subiu para 1,6% no caso do
PSDB e 2,5% no caso do PMDB.
Partidos que em geral recebem
votações pequenas para a prefeitura, como o PTB, conseguiram
eleger uma bancada bastante superior à proporção dos votos obtida para o Executivo (5,4 vezes).
Ponderando as taxas obtidas
pelos partidos nas coligações passadas, chega-se a uma média para
cada uma das atuais coligações,
exposta no quadro ao lado.
Composição
Com base na última pesquisa, a
coligação encabeçada por Marta
elegeria 20 dos 55 vereadores
(36% da Câmara Municipal), um
resultado semelhante ao obtido
pela coligação petista em 1988.
Naquele ano, a candidata do PT
à prefeitura obteve cerca de 30%
dos votos, e sua coligação elegeu
34% do Legislativo paulistano (18
dos 53 vereadores).
Já a bancada do PPB, que elegeu
19 vereadores em 1996 e hoje está
reduzida a 10, encolheria um pouco mais, para 7 vereadores. Em
geral, o PPB elege proporcionalmente menos vereadores.
Na eleição passada, por exemplo, o candidato do PPB teve 45%
dos votos no primeiro turno, mas
sua coligação (PPB-PFL) só
preencheu 21 vagas, ou seja, 38%
do total da Câmara Municipal.
Isso ocorre em boa parte porque existe, nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, uma aliança
informal entre o candidato do
PPB com candidatos a vereador
de outros partidos, como o PTB,
PFL e PMDB, por exemplo.
Daí a enorme desproporção entre a votação dessas legendas para
o Executivo e para o Legislativo
municipal.
"Sobras"
Com exceção do PPB, porém,
todos os grandes partidos elegem
bancadas na Câmara Municipal
superiores ao seu desempenho
eleitoral efetivo.
Essa sobre-representação decorre da distribuição das chamadas "sobras".
Como os micropartidos não
atingem o patamar mínimo para
a eleição de vereadores, em boa
medida porque o número de votos brancos entra no cálculo do
quociente eleitoral, as vagas correspondentes a esses votos são redistribuídas entre os partidos que
alcançaram o quociente.
Texto Anterior: Metalúrgico vai de Jânio a Collor Próximo Texto: Progressista ou conservador: Paulistanos se mostram divididos Índice
|