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Base aliada ensaia "operação abafa"
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes da base aliada querem
barrar o relatório parcial da CPI
dos Correios que pretende propor, em dez dias, a cassação de deputados ao Conselho de Ética da
Câmara. Eles desejam que a comissão se restrinja a apontar indícios de quebra de decoro parlamentar e encaminhe esses processos para a CPI do Mensalão, que
terminaria as investigações.
O motivo alegado é que a CPI
dos Correios estaria condenando
parlamentares em um rito sumário, sem direito de defesa, e ainda
estaria invadindo competências
da CPI do Mensalão.
"Cassação é a maior punição
que um homem público pode ter.
Você não pode pedir a cassação
de quem quer que seja sem conceder o direito de defesa, mesmo
que as provas sejam conclusivas.
Não pode haver tribunal de exceção na política", afirmou o líder
do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Os líderes da base aliada do Senado e da Câmara dos Deputados
têm reunião marcada para hoje
para discutir o assunto. Eles querem a presença dos presidentes e
dos relatores das duas CPIs.
Apesar da articulação, as lideranças negam que esteja em curso
uma "operação abafa". "Não queremos frear nada, mas não queremos briga entre as comissões. E
não tem como fazer pizza, já caíram cerca de 40 pessoas no Executivo", disse o líder do PMDB,
senador Ney Suassuna (PB).
O anúncio do relatório parcial
foi feito na última sexta-feira pelo
presidente da CPI dos Correios,
senador Delcídio Amaral (PT-MS), e pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), ao lado de três sub-relatores da comissão. O universo analisado são 18
parlamentares citados direta ou
indiretamente nas investigações.
Estão nesse caso os deputados José Dirceu (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA), João Magno (PT-MG), Professor Luizinho (PT-SP), Josias
Gomes (PT-BA), José Mentor
(PT-SP), Romeu Queiroz (PTB-MG), Roberto Jefferson (PTB-RJ),
Vadão Gomes (PP-SP), José Janene (PP-PR), Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), José
Borba (PMDB-PR), Sandro Mabel (PL-GO), Carlos Rodrigues
(PL-RJ), Wanderval Santos (PL-SP) e Roberto Brant (PFL-MG).
Também citado, o deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP) já renunciou ao mandato.
A CPI dos Correios dividiria esses parlamentares em dois casos.
Alguns seriam encaminhados diretamente para o Conselho de Ética por haver provas contra eles.
Outros teriam o benefício da dúvida -porque haveria indícios de
quebra de decoro- e seriam analisados pela CPI dos Mensalão.
Os critérios para o julgamento
ainda não foram definidos. O presidente e o relator da CPI dos Correios afirmaram que o espaço de
defesa para os deputados seria o
próprio Conselho de Ética.
Se a proposta dos líderes aliados
for acatada esses parlamentares
ganharão uma sobrevida. Assim
haveria espaço, por exemplo, para
negociar a renúncia de alguns dos
acusados, que poderiam se candidatar nas próximas eleições.
A base de sustentação do governo teme que a aceleração do processo de cassação leve alguns deputados, como o líder do PP, José
Janene (PR), a revelar supostas irregularidades que ainda não teriam vindo à tona.
Os governistas estão insatisfeitos com o andamento da CPI dos
Correios. Para eles, Delcídio está
preocupado com sua imagem perante a opinião pública e agiria
sem consultar a base aliada.
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