São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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Sacadores dizem que agiam sob ordens do PT

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

Em depoimento à Polícia Federal, no Rio de Janeiro, dois petistas que figuram como sacadores de contas de empresas do publicitário Marcos Valério alegaram cumprir ordens do partido.
O ex-subsecretário de Articulação do governo Benedita da Silva (2002) Carlos Manoel Costa Lima disse ontem que usou os R$ 100 mil sacados da conta da DNA, de Valério, para pagar dívidas da campanha de 2002, seguindo lista feita pelo ex-presidente da Casa da Moeda Manoel Severino dos Santos. Lima disse que não fez recibo dos pagamentos e não recorda nomes dos recebedores.
O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e ex-presidente do Conselho de Administração da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), Henrique Pizzolato, também prestou depoimento ontem à Polícia Federal para esclarecer seu envolvimento com os supostos R$ 326 mil vindos de contas de Valério. De acordo com seu advogado, Mário de Oliveira Filho, Pizzolato está "chateado com o PT" e vai se desfiliar do partido.
No depoimento, Pizzolato confirmou ter recebido e entregado a um funcionário do PT dois envelopes retirados a pedido da diretoria da DNA no dia 15 de janeiro de 2004. Segundo seu advogado, na ocasião Pizzolato não se deu conta de que se tratava de dinheiro e não se lembrou dos nomes dos envolvidos na DNA ou no PT.
"Ele recebeu um telefonema em nome de Valério com um pedido que retirasse um documento num escritório no centro do Rio", disse o advogado. Pizzolato teria solicitado, então, ao mensageiro da Previ Luiz Eduardo Ferreira da Silva que retirasse a encomenda e entregasse em sua casa, onde um funcionário do PT iria buscá-la.
Já Costa Lima confirmou que mandou fazer dois saques de R$ 50 mil das contas de Valério. Ele disse que recebia ligações da Executiva Financeira do Diretório Nacional do PT e era informado das datas e local onde era disponibilizado o dinheiro "para pagar dívidas de campanha e dívidas pós-eleitorais". Afirmou que não foram emitidas notas fiscais por esses serviços prestados ao PT.
Costa Lima disse não se lembrar do nome de "nenhuma pessoa da Executiva Financeira" que telefonou. Negou ter recebido ligações do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outros membros do PT, como o ex-presidente do partido José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o ex-secretário-geral Silvio Pereira e o ex-secretário de Comunicação Marcelo Sereno.
Os saques foram feitos em agência do Banco Rural no Rio pelo ex-subsecretário de Fazenda de Mesquita (Baixada Fluminense) Carlos Roberto Chaves, que trabalhou com Costa Lima na campanha de 2002. Benedita divulgou nota dizendo que todos os documentos da campanha foram entregues à Justiça Eleitoral.


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