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Sacadores dizem que agiam sob ordens do PT
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Em depoimento à Polícia Federal, no Rio de Janeiro, dois petistas que figuram como sacadores
de contas de empresas do publicitário Marcos Valério alegaram
cumprir ordens do partido.
O ex-subsecretário de Articulação do governo Benedita da Silva
(2002) Carlos Manoel Costa Lima
disse ontem que usou os R$ 100
mil sacados da conta da DNA, de
Valério, para pagar dívidas da
campanha de 2002, seguindo lista
feita pelo ex-presidente da Casa
da Moeda Manoel Severino dos
Santos. Lima disse que não fez recibo dos pagamentos e não recorda nomes dos recebedores.
O ex-diretor de marketing do
Banco do Brasil e ex-presidente
do Conselho de Administração da
Previ (fundo de pensão do Banco
do Brasil), Henrique Pizzolato,
também prestou depoimento ontem à Polícia Federal para esclarecer seu envolvimento com os supostos R$ 326 mil vindos de contas de Valério. De acordo com seu
advogado, Mário de Oliveira Filho, Pizzolato está "chateado com
o PT" e vai se desfiliar do partido.
No depoimento, Pizzolato confirmou ter recebido e entregado a
um funcionário do PT dois envelopes retirados a pedido da diretoria da DNA no dia 15 de janeiro
de 2004. Segundo seu advogado,
na ocasião Pizzolato não se deu
conta de que se tratava de dinheiro e não se lembrou dos nomes
dos envolvidos na DNA ou no PT.
"Ele recebeu um telefonema em
nome de Valério com um pedido
que retirasse um documento num
escritório no centro do Rio", disse
o advogado. Pizzolato teria solicitado, então, ao mensageiro da
Previ Luiz Eduardo Ferreira da
Silva que retirasse a encomenda e
entregasse em sua casa, onde um
funcionário do PT iria buscá-la.
Já Costa Lima confirmou que
mandou fazer dois saques de R$
50 mil das contas de Valério. Ele
disse que recebia ligações da Executiva Financeira do Diretório
Nacional do PT e era informado
das datas e local onde era disponibilizado o dinheiro "para pagar
dívidas de campanha e dívidas
pós-eleitorais". Afirmou que não
foram emitidas notas fiscais por
esses serviços prestados ao PT.
Costa Lima disse não se lembrar
do nome de "nenhuma pessoa da
Executiva Financeira" que telefonou. Negou ter recebido ligações
do ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu e outros membros do PT,
como o ex-presidente do partido
José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o ex-secretário-geral
Silvio Pereira e o ex-secretário de
Comunicação Marcelo Sereno.
Os saques foram feitos em agência do Banco Rural no Rio pelo
ex-subsecretário de Fazenda de
Mesquita (Baixada Fluminense)
Carlos Roberto Chaves, que trabalhou com Costa Lima na campanha de 2002. Benedita divulgou
nota dizendo que todos os documentos da campanha foram entregues à Justiça Eleitoral.
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