São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula ensaia temas polêmicos para entrevista na TV Globo

Presidente treinará com assessores a responder perguntas sobre mensalão e caixa dois

Palácio do Planalto avalia que adversário tucano ficou acuado durante entrevista em que teve de responder sobre os ataques do PCC


PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Planalto considerou "implacável" a entrevista do "Jornal Nacional" com o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) e já prepara o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um embate ao menos tão duro como o enfrentado anteontem pelo adversário tucano à Presidência.
O petista, que será entrevistado amanhã pelo telejornal global, vai ser treinado por uma equipe de assessores palacianos, composta por Miriam Belchior e Clara Ant, além do marqueteiro João Santana, responsável por toda a publicidade da campanha petista a presidente.
Preocupado com o alcance e a repercussão do "JN", o presidente vai estudar como responder sob pressão a temas espinhosos, como o mensalão, o caixa dois e o financiamento irregular do PT, além da participação federal na crise de segurança pública em São Paulo.
No Planalto, perguntas sobre a crise até hoje não esclarecidas por Lula são dadas como certas na entrevista de amanhã. O petista ensaiará como se desvencilhar de saias justas como a citação nominal de seus "traidores" e seu suposto conhecimento prévio das irregularidades petistas de campanha passadas.
Na campanha de 2002, o presidente também se preparava exclusivamente para entrevistas e debates importantes, mas quem coordenava tudo era o marqueteiro Duda Mendonça, hoje afastado oficialmente do PT, depois que admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões em paraísos fiscais, no esquema de caixa dois do partido.
A avaliação ontem no Planalto era que a participação considerada "negativa" de Alckmin se deu muito mais pelo ritmo duro das perguntas do que pelas respostas do tucano.
Na entrevista, o ex-governador passou a maior parte do tempo acuado. Gastou quase a metade da entrevista falando sobre os ataques do PCC e teve de rebater questões sobre a distribuição da publicidade da Nossa Caixa a aliados e o engavetamento de várias CPIs na Assembléia Legislativa.
A oposição teme que haja um suposto acordo entre a campanha petista e a Rede Globo para que fosse feita apenas uma pergunta sobre corrupção, o que foi desmentido por assessores.
Como Lula já sinalizou que não deve participar de debates no primeiro turno da disputa, o PT e o Planalto acreditam que entrevistas na TV podem ser decisivas para eventuais comparações com Alckmin.


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