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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula ensaia temas polêmicos para entrevista na TV Globo
Presidente treinará com assessores a responder perguntas sobre mensalão e caixa dois
Palácio do Planalto avalia que adversário tucano ficou acuado durante entrevista em que teve de responder sobre os ataques do PCC
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Planalto considerou "implacável" a entrevista do "Jornal Nacional" com o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) e já prepara o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para um embate
ao menos tão duro como o enfrentado anteontem pelo adversário tucano à Presidência.
O petista, que será entrevistado amanhã pelo telejornal
global, vai ser treinado por uma
equipe de assessores palacianos, composta por Miriam Belchior e Clara Ant, além do marqueteiro João Santana, responsável por toda a publicidade da
campanha petista a presidente.
Preocupado com o alcance e
a repercussão do "JN", o presidente vai estudar como responder sob pressão a temas espinhosos, como o mensalão, o
caixa dois e o financiamento irregular do PT, além da participação federal na crise de segurança pública em São Paulo.
No Planalto, perguntas sobre
a crise até hoje não esclarecidas
por Lula são dadas como certas
na entrevista de amanhã. O petista ensaiará como se desvencilhar de saias justas como a citação nominal de seus "traidores" e seu suposto conhecimento prévio das irregularidades
petistas de campanha passadas.
Na campanha de 2002, o presidente também se preparava
exclusivamente para entrevistas e debates importantes, mas
quem coordenava tudo era o
marqueteiro Duda Mendonça,
hoje afastado oficialmente do
PT, depois que admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões em paraísos fiscais, no esquema de
caixa dois do partido.
A avaliação ontem no Planalto era que a participação considerada "negativa" de Alckmin
se deu muito mais pelo ritmo
duro das perguntas do que pelas respostas do tucano.
Na entrevista, o ex-governador passou a maior parte do
tempo acuado. Gastou quase a
metade da entrevista falando
sobre os ataques do PCC e teve
de rebater questões sobre a distribuição da publicidade da
Nossa Caixa a aliados e o engavetamento de várias CPIs na
Assembléia Legislativa.
A oposição teme que haja um
suposto acordo entre a campanha petista e a Rede Globo para
que fosse feita apenas uma pergunta sobre corrupção, o que
foi desmentido por assessores.
Como Lula já sinalizou que
não deve participar de debates
no primeiro turno da disputa, o
PT e o Planalto acreditam que
entrevistas na TV podem ser
decisivas para eventuais comparações com Alckmin.
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