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STF arquiva caso de túnel suspeito na gestão Maluf
Ex-prefeito não pode mais ser processado por suposta corrupção no Ayrton Senna
Segundo Eros Grau, prazo para responsabilizar o ex-prefeito se esgotou em 2004; STF ainda investiga três casos referentes a obras
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Supremo Tribunal Federal
determinou o arquivamento de
um inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar o ex-prefeito e deputado federal
Paulo Maluf (PP-SP) por suposto crime de corrupção na
construção do túnel Ayrton
Senna, em São Paulo.
Em decisão publicada anteontem no Diário Oficial, o
ministro Eros Grau entendeu
que qualquer pena que pudesse
ser imposta a Maluf, que administrou a cidade entre 1993 e
1996, já está prescrita, ou seja,
já se esgotou o prazo previsto
em lei para responsabilizá-lo.
O inquérito foi aberto em
2002 com base num laudo da
Emurb (Empresa Municipal de
Urbanização), que constatou
que a obra adicional nas colunas de sustentação, o "jumbo
grouting" (injeção de cimento e
água em vários pontos do solo
para evitar desabamentos), não
foi realizada. A prefeitura pagou R$ 4,9 milhões (valor não
atualizado) pelo trabalho.
"Mesmo que tais fatos possam configurar o delito [...] é
forçoso concluir pela prescrição da pretensão punitiva "in
abstracto" em relação ao parlamentar", transcreveu o ministro na sentença.
Como Maluf foi eleito deputado e ganhou foro privilegiado
em investigação criminal, o inquérito que estava na Polícia
Civil foi para o Supremo.
Segundo Eros Grau, para o
crime atribuído a Maluf - corrupção - a prescrição ocorre
em 16 anos (duas vezes a pena
máxima de oito anos de prisão).
A contagem começa da data do
crime - juridicamente é utilizado o último dia da gestão de
Maluf na prefeitura (31/12/96).
Como Maluf tem mais de 70
anos (tem 75), ele é beneficiado
por uma lei que reduz pela metade esse tempo. Portanto, a
polícia e o Ministério Público
teriam oito anos para investigá-lo e denunciá-lo (acusá-lo formalmente) na Justiça.
O inquérito, que é uma investigação da polícia, nunca gerou
uma denúncia do Ministério
Público. Se uma eventual ação
tivesse sido aberta na Justiça
até 2004, começaria uma nova
contagem da prescrição.
Com a decisão de Eros Grau,
que foi apoiada pela Procuradoria Geral da República, Maluf não pode mais ser processado por corrupção nas obras do
túnel Ayrton Senna.
Outros casos
Essa decisão do Supremo não
interfere nas ações penais nem
nas cíveis que estão em trâmite.
Contra Maluf, o Ministério
Público Federal ofereceu três
denúncias por supostos crimes
cometidos por ele, ainda enquanto prefeito, na construção
da avenida Água Espraiada (hoje Jornalista Roberto Marinho). As acusações são formação de quadrilha, desvio e lavagem de verba pública e remessa
de dólares para o exterior.
Das três denúncias, duas foram recebidas pela Justiça e
hoje são processos. Uma ainda
está sob análise judicial. Os três
casos, que tramitam no Supremo, chegaram à Justiça dentro
do prazo legal de investigação.
Na esfera cível, o ex-prefeito
também é réu por suposto desvio de verba pública na avenida
Água Espraiada. Numa das
ações, a Promotoria da Cidadania de São Paulo pede que Maluf devolva aos cofres públicos
cerca de R$ 5 bilhões.
No caso específico das colunas do túnel Ayrton Senna, desde 2001 corre uma ação cível
contra Maluf pedindo a devolução de R$ 5,9 milhões ao erário.
Adilson Laranjeira, assessor
de imprensa de Maluf, afirmou
que a sentença do Supremo é
justa. "Finalmente se fez justiça porque nunca houve desvio
de verba na construção do túnel Ayrton Senna." O ex-prefeito diz serem falsas as acusações
de desvio de dinheiro na Água
Espraiada e de remessa ilegal
de verbas para o exterior.
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