DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

A Fundação José Sarney usou verbas repassadas pelo governo do Maranhão para pagar R$ 34,2 mil a uma empresa do tesoureiro da Abom (Associação do Bom Menino das Mercês) em 2004.
A empresa S.G.C. Leite, do tesoureiro Sidney Gonçalves Costa Leite, recebeu 12 pagamentos em 2004, 11 deles de R$ 3.000.
A fundação e a associação são ligadas ao senador José Sarney (PMDB-AP). Da primeira, ele é presidente vitalício. Da segunda, presidente de honra.
O Ministério Público Estadual investigará pagamentos feitos diretamente entre as duas, ou por meio de empresas de seus funcionários, para averiguar a suspeita de que essas operações resultaram em desvio de dinheiro público.
Outra questão é se os repasses, feitos por meio de convênios, foram usados para a finalidade prevista. O convênio de 2004 foi firmado com o Estado no valor de R$ 960 mil, e deveria ter sido usado para conservar e divulgar o acervo da fundação.
À Folha Leite disse que os R$ 34,2 mil se referem à prestação de serviços pela manutenção mensal dos 15 computadores que a fundação tinha, e que isso se deu por meio de um contrato, rompido no ano seguinte. Ele negou qualquer irregularidade.
Disse ainda que trabalha na fundação desde 1995, sempre na área de informática, e que em 2000 se tornou tesoureiro da associação, gerenciando recursos arrecadados.
A reportagem esteve no endereço que consta na Receita Federal como sendo da S.G.C., mas não encontrou a sede.
Na rua, várias casas possuem numeração idêntica, mas apenas a do morador Jorge Frazão correspondia ao exato endereço listado pela Receita. Ele disse que vive no mesmo local há 37 anos e que nunca ouviu falar da empresa.
Segundo Leite, isso aconteceu porque o local não tem nenhum número visível na fachada.
Nesta semana, o Ministério Público do Maranhão abriu inquérito para apurar possível desvio de verbas no repasse feito pelo governo do Estado à fundação em 2004. Além dos pagamentos feitos à S.G.C, serão apuradas outras 746 despesas listadas na prestação de contas.


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