|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO AGRÁRIA
Presidente da entidade teme com MST conflito em caso de invasão de fazenda no Pontal do Paranapanema
UDR pede reforço policial a governador
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA
O presidente da UDR, Almir Soriano, encaminhou ao governador Mário Covas (PSDB), por
meio de ofício, um pedido de reforço policial no Pontal do Paranapanema, para evitar um eventual conflito com o MST.
"Queremos evitar confronto
com sem-terra", disse Soriano, temendo reação armada de fazendeiros, caso alguma área seja invadida, especialmente a fazenda
Santa Ana, o mais novo foco de
tensão na região.
O dirigente do MST José Rainha
Júnior disse que a fazenda Santa
Ana, em Rosana (SP), é guardada
por seis homens armados dia e
noite.
O líder do movimento dos sem-terra disse também que vê risco
de conflito na região.
Próximo da área, um acampamento do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), que começou a ser formado
em junho, já tem 160 famílias. Algumas vieram do Paraná.
Eleições
Soriano disse ter informações
de que os sem-terra vão invadir a
Santa Ana, ou alguma área vizinha, até as eleições de outubro.
Rainha negou a intenção de invadir a fazenda e criticou a entidade ruralista. "O escritório da UDR
deveria ser dentro de um fórum."
Ele se referia à uma decisão da
juíza Marcia Blanes. Atendendo a
pedido da fazendeira Geronyma
Garcia Telles, ligada à UDR
(União Democrática Ruralista), a
juíza determinou que os acampados atuais sejam removidos a
uma distância de 20 quilômetros.
Rainha, citado nominalmente
como alvo da ação judicial, disse
que as famílias estão em uma área
da Fepasa e não pretendem sair
porque não têm para onde ir.
"Estamos condenados à morte.
Não podemos mais ficar em lugar
nenhum. As autoridades só vão
tomar providência de desarmar
os fazendeiros quando começar a
morrer gente, quando acontecer
uma chacina como a de Eldorado
de Carajás", disse Rainha.
Polícia Militar
O comandante da PM na região,
capitão Francisco Leopoldo Júnior, disse que na próxima semana uma reunião com a juíza vai
tratar da operação para retirada
dos sem-terra.
Ele negou a possibilidade de
manter homens permanentemente na área.
"A PM não tem como intervir. A
PM não pode fazer segurança em
fazenda particular."
O capitão disse ter informações
de que algumas fazendas mantêm
seguranças.
"O cidadão tem direito de proteger a propriedade particular,
mas dentro da lei."
Segundo o oficial, os acampados de Rosana só não foram retirados da área antes porque a corporação deu prioridade à outra
ordem da Justiça, que culminou
com a saída pacífica, há dez dias,
de 442 famílias de uma estrada em
Teodoro Sampaio (710 km a oeste
de São Paulo).
Sertãozinho
A Polícia Civil instaurou nesta
semana dois inquéritos apurando
danos ambientais na Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho (330 km a noroeste de
São Paulo).
Ontem, mais quatro novilhas
apareceram mortas no local, que
já perdeu 33 animais.
As depredações estariam sendo
causadas pelos sem-terra que
ocupam o local desde agosto deste ano.
A polícia apura danos ao ambiente, roubo de material, morte
de animais e depredação de propriedade.
Os sem-terra afirmam serem
pacíficos e que a própria estação
seria responsável pelo desaparecimento de equipamentos.
Metade da área da fazenda experimental foi ocupada por 550
famílias. O chefe da estação, Leopoldo Andrade de Figueiredo, 46,
disse que eles estão sendo obrigados a manter os animais em torno
da sede, para evitar as mortes.
Colaborou o free-lance para a Folha Ribeirão
Texto Anterior: Goiás: Anistia a parlamentar motiva ação na Justiça Próximo Texto: Governo afirma que cumpre ordens judiciais Índice
|