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Mortes estão caindo, diz Jungmann
VALÉRIA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os números de assassinatos em
conflitos pela posse da terra e de
invasões de propriedades rurais
estão caindo no país, disse ontem
o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário).
O ministro divulgou estatísticas
feitas, segundo ele, pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), que
apontam queda no número de assassinatos de trabalhadores rurais. O levantamento mostra ainda que as invasões caíram de 322
de janeiro a agosto de 99 para 189
no mesmo período deste ano.
A diminuição em ambos os índices, segundo Jungmann, deve-se à distribuição de "mais de 16
milhões de hectares" aos agricultores sem terra no governo Fernando Henrique Cardoso. O ministro disse que, atualmente, há
mais reivindicações de "infra-estrutura social" (escola e posto de
saúde, por exemplo) do que por
terra, no ministério que comanda.
"A terra está em quarto lugar na
escala de pedidos", afirmou o ministro. "A grande pressão que recebemos é por créditos", disse.
Segundo Jungmann, há mais de 3
milhões de pessoas assentadas
(400 mil famílias) e "uns 60 a 70
mil acampados". Outra demanda
que, segundo Jungmann, seria
maior que a de terra é por estradas e energia elétrica.
O ministro disse que a queda no
volume de invasões deveu-se
também à edição da medida provisória que indisponibiliza para
reforma agrária as propriedades
rurais invadidas.
O ministro afirmou que falta dinheiro para a reforma agrária e
defendeu uma PEC (proposta de
emenda constitucional) que vincule parte do Orçamento da
União ao setor, a exemplo do que
foi feito na área de Saúde.
Corumbiara
Jungmann criticou o julgamento de Corumbiara (RO), dizendo
que ele "passou fragilidade em
certos momentos". Para o ministro, a declaração, feita por um dos
promotores no processo, de que é
preciso acabar com os sem-terra
foi "muito ruim".
"Só se acaba com os sem-terra,
democraticamente, dando a eles
terra, casa e dignidade", disse
Jungmann. O Ministério Público,
entretanto, se recuperou "rápido", substituindo o promotor,
considerou o ministro.
Para o ministro, o julgamento
foi "muito turbulento" e o fato de
os responsáveis pela ação policial
não terem sido condenados foi
"ruim". Para ele, "o que ajuda a
reduzir as estatísticas (de assassinatos) é não haver impunidade".
O ministro falou sobre a repercussão da restrição da propaganda de cigarros na produção de fumo. "Só admito tirar o crédito
destinado a esses agricultores se
for criado um programa para que
se convertam a outra cultura."
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