|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SÃO PAULO
Acompanhada do marido, o senador Eduardo Suplicy, a candidata petista
fez discurso para cerca de cem pessoas em casa noturna, durante visita de cerca de 15 minutos
Marta vai a boate gay fazer campanha
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
No mesmo dia em que relacionou a onda de atentados a grupos
de homossexuais e de defesa de
direitos humanos a uma ação
contra sua candidatura, a petista
Marta Suplicy estendeu sua campanha até mais tarde em um
evento não previsto em sua agenda oficial e foi pedir votos em uma
boate GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) da capital paulista.
Acompanhada do marido, o senador Eduardo Suplicy, Marta
deixou o local às 24h, 15 minutos
depois de sua chegada.
"Sabemos que parcela da população está anulando o voto porque acha que não vale a pena investir nesses políticos", afirmou a
candidata anteontem à noite a
cerca de cem pessoas que se concentraram na pista de dança de
"A Loca" para ouvi-la. "Em você
vale", gritou o advogado brasiliense Thiago, 23, que preferiu ser
identificado por nome fictício.
"Eu valho", respondeu a candidata. "Todos os segmentos têm de
ser representados. Nossa cidade é
plural e uma das coisas mais bonitas aqui é que temos todos os tipos de raças, etnias, credos e
orientações sexuais. E isso tem de
ser respeitado", disse Marta.
Apesar de a presença da candidata no local ter sido confirmada
na segunda-feira -de acordo
com o organizador da festa, André Pomba-, o evento não constava da agenda da candidata.
Para o feriado, o único compromisso previsto era a ida ao Grito
dos Excluídos. Segundo seus assessores, essa foi a primeira vez
em que ela compareceu a um local
do gênero para fazer campanha.
Autora do projeto sobre a parceria civil entre homossexuais,
Marta vem sendo criticada pelo
candidato Paulo Maluf pela defesa do tema. "Tem candidata que
defende o casamento de homem
com homem, mas isso só dá lobisomem", já chegou a dizer.
Marta tem evitado discutir o assunto, sob o argumento de que ele
não faz parte das atribuições de
um prefeito. "O cidadão homossexual paga impostos. É como
qualquer outro cidadão e vai ser
bem tratado por nós, assim como
os negros, os nordestinos e os
portadores de deficiência. Boa
festa e boa noite", completou.
A entrevista da candidata com a
drag queen Michael Love, divulgada pelos organizadores da festa,
foi cancelada na última hora.
"Ela disse que tinha outro compromisso, mas acho que ela não
queria se expor muito. Eu ia pedir
para que ela explicasse melhor a
lei dela, que vem sendo deturpada. Mas o fato de ela ter vindo já
conta para o meu show. Vou votar nela", afirmou Love, 22, produzido especialmente para a ocasião com um vestido tipo tubo
preto, botas de cano longo e salto
alto e uma coroa de "strass".
A candidata se esforçou para
deixar o local o mais discretamente possível, recusando-se inclusive a ser fotografada ao lado de
duas drag queens.
"Tira uma foto com a gente?"
"Para ele? Não", respondeu
Marta, referindo-se à presença do
repórter-fotográfico da Folha.
"Arruma uma máquina sua que
tiro com o maior prazer."
"Fiquei um pouquinho chateado. Não custava nada. Ela poderia
ter parado, mas, vai ver, tem tantas preocupações...", disse Roger
Hagen, 24, que havia se "produzido" como a cantora alemã Nina
Hagen em uma homenagem ao filho de Marta, o cantor Supla, que
gravou em parceria com a artista.
O designer Fernando Messala,
20, não se importou com a negativa. "Agora é que voto nela mesmo. Eu faria a mesma coisa. Se ela
fosse tirar uma foto com cada pessoa aqui, não iria embora."
Mas a petista não agradou a todos. "Esperávamos mais do que
isso. Ela chegou tarde para marcar presença, para dizer que veio.
Mas de qualquer jeito foi legal ela
ter vindo a um lugar underground", declarou o DJ Pomba.
Para ele, cerca de 200 pessoas
estiveram no local, que, disse, costuma receber cerca de 300 convidados em eventos do gênero.
Pomba declarou que foram enviados pelo menos 1.850 e-mails
anunciando a visita de Marta.
Texto Anterior: Justiça proíbe peça que liga FHC a disputa Próximo Texto: Alckmin ataca concorrentes na Justiça Índice
|