São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Para petista, tucano quer usar prefeitura como "alicerce da oposição" ao governo Lula

Vitória de Serra trará "crise política" de anos, diz Marta

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), disse ontem que uma eventual vitória do candidato José Serra (PSDB) na disputa pelo comando da cidade ameaça a estabilidade política no país.
A declaração remete à estratégia do PSDB do mesmo Serra contra Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, quando os tucanos diziam que uma vitória do petista faria o Brasil "virar uma Argentina", país que patinava então no fundo do poço da pior crise de sua história.
"As forças organizadas da sociedade paulista deverão escolher com muita clareza o caminho que esperam que o país percorra nos próximos dois anos: a união e o aprofundamento da atual política econômica de crescimento ou o estado de crise política se alastrando durante dois anos", disse Marta ontem.
A prefeita, candidata à reeleição, disse que a intenção de Serra, que concorreu à Presidência em 2002, é utilizar o cargo como trincheira. "O que está em jogo nas eleições municipais em São Paulo vai muito além da escolha do titular do cargo. O que deve ficar claro é que o significado e o objetivo da candidatura de oposição é utilizar a Prefeitura de São Paulo como instrumento de oposição ao governo federal e a abertura antecipada da própria sucessão presidencial."
A petista continuou: "Independentemente das manifestações em contrário, a transformação de São Paulo em alicerce da oposição ao governo federal levará ao acirramento da disputa política, e não à convergência hoje em dia necessária para materializar as reformas de que o país precisa".
Segundo Marta, "a escolha [entre os dois] vai ser dos eleitores, livremente, e tudo indica que vão aspirar à união e à continuidade".
A ameaça de Marta ocorreu no momento em que a prefeita falava do bom desempenho do governo Lula, que estaria superando "a estagnação e o desemprego, marcas registradas do governo anterior".
"Em projeção anual, o crescimento do PIB está estimado em 4%, um pouco mais, com fôlego para os próximos dois anos, pelo menos. Ao mesmo tempo, não existe automatismo na melhora dos indicadores, e importantes reformas devem ser realizadas para alavancar esse desenvolvimento." Pelo raciocínio petista, uma eventual derrota ameaça isso.
As declarações da prefeita, mais um lance na disputa pelo apoio político dos governos federal e estadual, foram dadas durante palestra na Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
Dias antes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) já haviam entrado no tiroteio.
Depois de Marta apresentar-se como "parceira" de Alckmin, o tucano foi à TV. "Quem trabalha comigo é o Serra", disse. Como resposta, Mercadante surgiu no programa do PT para afirmar que só com Marta é possível uma parceria com o governo federal: "O Estado e a cidade de São Paulo estão muito endividados. Só quem pode garantir recursos indispensáveis é o governo federal".


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