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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Para petista, tucano quer usar prefeitura como "alicerce da oposição" ao governo Lula
Vitória de Serra trará "crise política" de anos, diz Marta
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), disse ontem que
uma eventual vitória do candidato José Serra (PSDB) na disputa
pelo comando da cidade ameaça a
estabilidade política no país.
A declaração remete à estratégia
do PSDB do mesmo Serra contra
Luiz Inácio Lula da Silva em 2002,
quando os tucanos diziam que
uma vitória do petista faria o Brasil "virar uma Argentina", país
que patinava então no fundo do
poço da pior crise de sua história.
"As forças organizadas da sociedade paulista deverão escolher
com muita clareza o caminho que
esperam que o país percorra nos
próximos dois anos: a união e o
aprofundamento da atual política
econômica de crescimento ou o
estado de crise política se alastrando durante dois anos", disse
Marta ontem.
A prefeita, candidata à reeleição,
disse que a intenção de Serra, que
concorreu à Presidência em 2002,
é utilizar o cargo como trincheira.
"O que está em jogo nas eleições
municipais em São Paulo vai muito além da escolha do titular do
cargo. O que deve ficar claro é que
o significado e o objetivo da candidatura de oposição é utilizar a
Prefeitura de São Paulo como instrumento de oposição ao governo
federal e a abertura antecipada da
própria sucessão presidencial."
A petista continuou: "Independentemente das manifestações
em contrário, a transformação de
São Paulo em alicerce da oposição
ao governo federal levará ao acirramento da disputa política, e não
à convergência hoje em dia necessária para materializar as reformas de que o país precisa".
Segundo Marta, "a escolha [entre os dois] vai ser dos eleitores, livremente, e tudo indica que vão
aspirar à união e à continuidade".
A ameaça de Marta ocorreu no
momento em que a prefeita falava
do bom desempenho do governo
Lula, que estaria superando "a estagnação e o desemprego, marcas
registradas do governo anterior".
"Em projeção anual, o crescimento do PIB está estimado em
4%, um pouco mais, com fôlego
para os próximos dois anos, pelo
menos. Ao mesmo tempo, não
existe automatismo na melhora
dos indicadores, e importantes
reformas devem ser realizadas para alavancar esse desenvolvimento." Pelo raciocínio petista, uma
eventual derrota ameaça isso.
As declarações da prefeita, mais
um lance na disputa pelo apoio
político dos governos federal e estadual, foram dadas durante palestra na Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento).
Dias antes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP) já
haviam entrado no tiroteio.
Depois de Marta apresentar-se
como "parceira" de Alckmin, o
tucano foi à TV. "Quem trabalha
comigo é o Serra", disse. Como
resposta, Mercadante surgiu no
programa do PT para afirmar que
só com Marta é possível uma parceria com o governo federal: "O
Estado e a cidade de São Paulo estão muito endividados. Só quem
pode garantir recursos indispensáveis é o governo federal".
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