DA REPORTAGEM LOCAL

Usando nas ruas um discurso de oposição, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, pagou ontem o preço por ter o governador paulista Geraldo Alckmin como seu principal cabo eleitoral. A convite do deputado Celino Cardoso, Serra visitou uma creche mantida com recursos do governo estadual: a creche Jardim Elisa Maria.
Na fachada, em letras garrafais, a inscrição "Governo do Estado de São Paulo". Lá dentro, um constrangimento. Responsável pela Obra Assistencial Nossa Senhora do Ó, o padre Noé Rodrigues, e a diretora da creche, Suelene Nardermas, mostraram um ofício enviado à Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social em que pedem ampliação de vagas de 100 para 120 crianças.
No ofício, com data de 23 de outubro do ano passado e registro de recebimento a 4 de novembro, o pedido se baseia no fato de as "famílias serem de baixa renda e com um número de desempregados". O governo do Estado paga R$ 187 por criança atendida.
Segundo o padre Noé, outra instituição da Obra é sustentada pelo governo estadual. Em outras seis, o convênio é com a prefeitura, que paga R$ 150 por criança, mas fornece alimentos não perecíveis.
Ao receber uma cópia do ofício, Serra disse que se empenhará para ajudar a instituição com o governo do Estado.
A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Maria Helena Guimarães de Castro, explicou que, em 2003, iniciou a negociação com a Prefeitura de São Paulo para municipalização das 45 creches mantidas pelo governo do Estado na cidade. Mas a Constituição atribui o atendimento aos municípios: "Como havia esse processo de municipalização, não ampliamos a meta. Só depois soubemos que a prefeitura não iria fazer a municipalização".


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