São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Tucano afirma que petista não tem confiança na vitória e que usa forma pouco elegante para se referir à alternância do poder

Marta faz chantagem sobre crise, diz Serra

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, chamou ontem de "chantagem e bobagem" a declaração da prefeita Marta Suplicy (PT) de que a eleição do tucano levaria a uma crise permanente com o governo federal. Serra disse ainda que, "se pensasse duas vezes, ela [Marta] não teria dito isso".
"Era uma tentativa de chantagem e ela disse uma bobagem", disparou ele, durante corpo-a-corpo em Brasilândia.
Para o ex-ministro da Saúde, Marta revelou uma maneira "pouco elegante" de lidar com a eleição e a possibilidade de alternância de poder. Segundo ele, o PT "não é comprometido a fundo com a democracia".
Apesar da sugestão de aliados, como o deputado Alberto Goldman, Serra evitou dizer que essa é uma demonstração de desespero da adversária. Mas insinuou:
"Ela está sendo pessimista em relação à própria possibilidade de eleição", afirmou ele, dizendo-se "surpreso com a baixa auto-confiança da candidatura do PT".
Serra afirmou que, eleito, trabalhará em cooperação com os governos federal e estadual. E, para descartar o risco de retaliação, disse que os "grandes elogios que recebeu quando ministro da Saúde vinham dos governadores do PT, como o do Mato Grosso do Sul [José Orcírio, o "Zeca do PT'] e Acre [Jorge Viana]".
"Fui ministro da Saúde por quatro anos. Pergunte aos prefeitos e governadores do PT se sofreram discriminação".
O governador do Acre, Jorge Viana, admitiu ter uma "relação de respeito com Serra". Mas disse que Marta está certa porque, "como a companheira que Lula priorizou", terá mesmo melhores condições de negociar com o governo federal caso reeleita. Ainda segundo Viana, "ficou mal resolvida a derrota de Serra para Lula".
Embora esteja se policiando para não cair no "já ganhou", segundo contou Goldman, Serra cometeu um ato falho ao comentar a decisão da prefeita de ir às ruas. "Já é tarde para isso", respondeu.
Para corrigir-se imediatamente: "Quer dizer: já demorou, né? Antes tarde do que nunca. Na rua a gente aprende. Ela vai começar a aprender agora o que a população de São Paulo pensa".
Serra foi informado, à tarde, já em Brasilândia, das declarações da prefeita. Em entrevistas, evitou dizer que essa era uma "apelação da candidata, uma prova de seu desespero", como disse Goldman. Mas, à noite, o comando de campanha de Serra divulgou uma nota sob o título "Intolerância e desespero têm limites". Nela, a prefeita é, por duas vezes, chamada de "dona Marta".
Segundo a nota, Marta "conseguiu ultrapassar todos os limites" e "apela para a chantagem e ameaça".
Na nota, o PSDB acusa o PT de intolerância à "divergência, à crítica e ao pluralismo".
Na zona norte, Serra chamou de "fantasia em maquete" a proposta da prefeita de criação do CEU Saúde. "Deixar isso para depois e vir com uma maquete de solução, um novo Fura-Fila, evidentemente não caiu bem."
Ao visitar uma creche mantida pelo governo do Estado, Serra disse que a relação custo benefício é melhor do que a construção dos CEUs. Segundo ele, o custo por aluno no CEUs é de R$ 250. Na creche, R$ 100. "Aqui, as crianças são mais bem atendidas", disse.


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