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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Tucano afirma que petista não tem confiança na vitória e que usa forma pouco elegante para se referir à alternância do poder
Marta faz chantagem sobre crise, diz Serra
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, chamou ontem de "chantagem e bobagem" a declaração da prefeita
Marta Suplicy (PT) de que a eleição do tucano levaria a uma crise
permanente com o governo federal. Serra disse ainda que, "se pensasse duas vezes, ela [Marta] não
teria dito isso".
"Era uma tentativa de chantagem e ela disse uma bobagem",
disparou ele, durante corpo-a-corpo em Brasilândia.
Para o ex-ministro da Saúde,
Marta revelou uma maneira
"pouco elegante" de lidar com a
eleição e a possibilidade de alternância de poder. Segundo ele, o
PT "não é comprometido a fundo
com a democracia".
Apesar da sugestão de aliados,
como o deputado Alberto Goldman, Serra evitou dizer que essa é
uma demonstração de desespero
da adversária. Mas insinuou:
"Ela está sendo pessimista em
relação à própria possibilidade de
eleição", afirmou ele, dizendo-se
"surpreso com a baixa auto-confiança da candidatura do PT".
Serra afirmou que, eleito, trabalhará em cooperação com os governos federal e estadual. E, para
descartar o risco de retaliação,
disse que os "grandes elogios que
recebeu quando ministro da Saúde vinham dos governadores do
PT, como o do Mato Grosso do
Sul [José Orcírio, o "Zeca do PT'] e
Acre [Jorge Viana]".
"Fui ministro da Saúde por quatro anos. Pergunte aos prefeitos e
governadores do PT se sofreram
discriminação".
O governador do Acre, Jorge
Viana, admitiu ter uma "relação
de respeito com Serra". Mas disse
que Marta está certa porque, "como a companheira que Lula priorizou", terá mesmo melhores
condições de negociar com o governo federal caso reeleita. Ainda
segundo Viana, "ficou mal resolvida a derrota de Serra para Lula".
Embora esteja se policiando para não cair no "já ganhou", segundo contou Goldman, Serra cometeu um ato falho ao comentar a
decisão da prefeita de ir às ruas.
"Já é tarde para isso", respondeu.
Para corrigir-se imediatamente:
"Quer dizer: já demorou, né? Antes tarde do que nunca. Na rua a
gente aprende. Ela vai começar a
aprender agora o que a população
de São Paulo pensa".
Serra foi informado, à tarde, já
em Brasilândia, das declarações
da prefeita. Em entrevistas, evitou
dizer que essa era uma "apelação
da candidata, uma prova de seu
desespero", como disse Goldman.
Mas, à noite, o comando de campanha de Serra divulgou uma nota sob o título "Intolerância e desespero têm limites". Nela, a prefeita é, por duas vezes, chamada
de "dona Marta".
Segundo a nota, Marta "conseguiu ultrapassar todos os limites"
e "apela para a chantagem e
ameaça".
Na nota, o PSDB acusa o PT de
intolerância à "divergência, à crítica e ao pluralismo".
Na zona norte, Serra chamou de
"fantasia em maquete" a proposta
da prefeita de criação do CEU
Saúde. "Deixar isso para depois e
vir com uma maquete de solução,
um novo Fura-Fila, evidentemente não caiu bem."
Ao visitar uma creche mantida
pelo governo do Estado, Serra disse que a relação custo benefício é
melhor do que a construção dos
CEUs. Segundo ele, o custo por
aluno no CEUs é de R$ 250. Na
creche, R$ 100. "Aqui, as crianças
são mais bem atendidas", disse.
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