São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Um mês, praticamente

Marta Suplicy federalizou, afinal. Longe da paz e do amor de Duda Mendonça, ela soltou o verbo, que correu por sites e rádios -mas não pelos telejornais. Ela, na Folha Online e na Jovem Pan:
- O que está em jogo vai além [de São Paulo]. O objetivo da candidatura de oposição é usar a prefeitura como instrumento contra o governo federal.
Há dois caminhos, diz:
- União e aprofundamento da atual política econômica... Ou o estado de crise política se alastrando por dois anos.
A ameaça da "crise" levou o tucano a reagir de imediato, em campanha na periferia:
- Ela tentou fazer chantagem e disse bobagem. A população não vai se deixar levar.
A ameaça de Marta foi bater em Brasília, onde o líder tucano Alberto Goldman soltou nota. Ele, na Globo On Line:
- É um ato de terrorismo eleitoral [da prefeita].
É também o marco da entrada do governo federal, coincidente com a estréia de Antônio Palocci na propaganda (abaixo).
No fim de semana, o senador Aloizio Mercadante já havia dito que, se o governo estadual anuncia seu apoio só a Serra, o governo Lula apóia Marta.
Agora foi mais um passo, em volume mais elevado.
 
Na resposta de Serra, ficou no ar uma observação:
- Ela parece pessimista quanto às suas chances.
Ironizou que a prefeita "tem um mês, praticamente, para se viabilizar". É o tempo que falta para o primeiro turno.
Seja lá o que os dois tenham vislumbrado em suas pesquisas, Paulo Maluf e Luiza Erundina também identificaram.
Maluf, pelas ruas, "não citou Marta em nenhum momento", disse a Agência Estado, e caiu matando sobre o tucano:
- A saúde está podre porque Serra foi ministro e nada fez... O país cresce como rabo de cavalo pela política que ele introduziu, de favorecer banqueiro.
Erundina, na entrevista ao SPTV, também evitou ataques à petista. E no horário eleitoral castigou o tucano:
- Quando ele era ministro do Planejamento, o Brasil entrou na maior recessão da história. Até hoje o povo paga -e o Serra finge que não tem nada a ver com o passado.
Três contra um, com um mês pela frente, "praticamente".

FAZENDA

Reprodução
O ministro no comercial

O ministro da Fazenda, por acaso médico, Antônio Palocci, foi à TV insinuar que não faltam recursos federais para Marta. Dele, no comercial petista:
- Um dos compromissos de Lula com o povo é melhorar o atendimento à saúde, dando mais rapidez e apoiando projetos inovadores. É isso que o CEU Saúde de Marta vai fazer. É um projeto excelente, moderno e de baixo custo. Tenha certeza: a Marta fez o CEU educação, o Bilhete Único e vai fazer o CEU Saúde.
Só faltou anunciar a transferência do dinheiro.

Ambiente
Segue a pressão pelas Parcerias Público-Privadas. O Bom Dia Brasil mostrou que os tucanos as apóiam nos seus governos.
Mas na CBN Franklin Martins avisa que "ambiente é de briga" e o Senado está em "paralisia".

No caso, juntos
O caso Banestado foi parar no "El País", ontem, com destaque curioso sobre a investigação que envolve "mais de cem políticos":
- O governo e a oposição consideram que investigadores atuam com fins eleitorais.

Pela cadeira
Sites japoneses informam que chega semana que vem a Brasília o primeiro-ministro do Japão. Está em turnê, ele também, por vaga no Conselho de Segurança.

Pode contar
Não é só para São Paulo que o governo Lula promete "apoio". Em evento realizado e coberto pelas Globos, "Revitalização do Rio", ao lado de Míriam Leitão, o ministro José Dirceu anunciou que os cariocas "podem contar" com a administração petista.

O homem certo
Carlos Lessa, presidente do BNDES, "revelou" no evento que vêm aí duas "novas usinas siderúrgicas" com recursos da União, no Rio. Ao lado dele, o presidente da Firjan, a federação das indústrias, falava que "é o homem certo no lugar certo".
E Lessa voltou a afirmar, em ataque indireto ao ministro e empresário paulista Luiz Furlan:
- Do presidente da República só recebo estímulo. É o escalão superior a que eu me reporto.


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