São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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A CARTA ABERTA DE FHC

Em carta divulgada anteontem no site do PSDB, o ex-presidente atacou Lula, criticou indiretamente o governo Alckmin, na questão da segurança

MENSALÃO
"Pagar mensalão é crime e como crime deve ser tratado. (...) A prática deu-se sob o olhar benevolente de ministros e mesmo com a cumplicidade de alguns deles (...). O próprio presidente, que é responsável pelos ministros, não tendo atuado para demiti-los nem depois do fato sabido, é passível de crime de responsabilidade. E, mais do que simplesmente corromper pessoas, corrompeu-se uma instituição, o Congresso"

MEA-CULPA
"É verdade que também somos responsáveis pelo que hoje se vê: a cada dia mais corrupção; a cada dia, menor reação. Erramos no início, quando quisemos tapar o sol com a peneira no caso do senador Azeredo. (...) Calamos muito tempo e sequer dissemos o que sabemos: entre os responsáveis pelas finanças de campanha do então governador estava seu vice, hoje ministro do presidente Lula [menção errônea a Walfrido Mares Guia, do Turismo, que emprestou para que Azeredo pagasse dívida com Marcos Valério]"

CONDIÇÕES MORAIS
"Geraldo Alckmin (...) não tem que explicar, como Lula, por que tendo tanto dinheiro vivo (e quanto!), não paga dívidas. Por que ora diz nunca ter ouvido falar de sua dívida no partido, ora que a discutiu, mas não a reconhece. Enfim: faltam condições morais a um e sobram a outro. Essa é a diferença"

SEGURANÇA EM SP
"Em São Paulo (...) nunca se prendeu tanto. Resultado: o sistema prisional está abarrotado e, há que reconhecer, não foi capaz de dar tratamento adequado à massa de presos, (...) deixando ao PCC espaço para demagogia em nome da melhoria de condições de vida dos prisioneiros. Sem falar no uso continuado de celulares, da cumplicidade entre criminosos e advogados, às vistas cúmplices, algumas vezes, das autoridades carcerárias"

GASTANÇA
"Agora, diante da conjuntura eleitoral e para compensar os anos de carência, veio a bonança às custas do futuro: aumentos de salário, expansão das bolsas, expansão do crédito, antecipação do décimo terceiro salário dos funcionários etc. (...) A verdade é que há uma gastança irresponsável e um novo inchaço do governo"

REFORMA POLÍTICA
"O PSDB deve aproveitar as pressões (...) para iniciar a pregação das vantagens do voto distrital. A principal delas é que o voto distrital quebra a espinha do atual sistema que induz à corrupção e à desunião partidária. (...) O voto distrital acaba com isso ou pelo menos dificulta muito. Porque em cada distrito cada partido lança apenas um candidato. (...) O inconveniente é que as oligarquias partidárias terão mais força para ordenar a lista e o eleitor se distanciará ainda mais do candidato. Também é possível adotar um sistema de voto distrital misto"

BOLSA-FAMÍLIA
"E não devemos temer a Bolsa-família. Ela não apenas resultou de programas que nós criamos (...) como vem sendo desvirtuada pela velocidade eleitoreira com que cresce e pelo descuido na verificação da satisfação de requisitos para sua obtenção. E sobretudo porque tem sido feita no embalo da pura propaganda eleitoral, tornando um propósito saudável, pois inauguramos estes programas como um "direito do cidadão", numa benesse do papai-Presidente"

PRIVATIZAÇÕES
"Não podemos continuar meio envergonhados cada vez que o PT e seus aliados falam de "privataria". (...) É preciso dizer com todas as letras e toda a força que a privatização da Telebrás foi um sucesso absoluto (...). E dizer também que no setor elétrico houve fracasso (...). É só ver as estatísticas sobre investimentos no setor (...) para entender porque vira-e-mexe fala-se de apagão. Não o de 2001, conseqüência da má gerência e da falta das águas, mas da falta de investimentos para geração nova de energia"

POLÍTICA EXTERNA
"Por fim, chega de dizer bobagens sobre a globalização. Chega de agir na prática como se acordos comerciais, tipo ALCA, fossem projetos imperialistas de anexação de território. (...) Enquanto hesitamos na política externa, (...) nada fazemos para garantir acordos comercias que nos interessam, isolando-nos cada vez mais em um Mercosul enfraquecido por nossa falta de liderança. Resultado: nem ALCA, nem acordo com a União Européia, nem qualquer outro acordo bi-lateral"


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