São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Vale de números

Convencidos de que o PT não tem a menor intenção de reestatizar a Companhia Vale do Rio Doce, mas pretende usar a proposta de plebiscito para manter o assunto em pauta indefinidamente e com isso embaraçar o governo anterior, os tucanos preparam um discurso para responder ao adversário. Não querem repetir o mico da campanha eleitoral de 2006, quando o carimbo de "privatista" terminou de selar o destino de Geraldo Alckmin. Municiados pela própria Vale, já estão com alguns números na ponta da língua. Embora os dados relativos a produção e lucro sejam para lá de vistosos, o mote de defesa da privatização será a contribuição social da empresa: US$ 5,867 bilhões em impostos pagos desde 1998, contra US$ 1,582 bilhão desde a fundação da Vale, em 1943, até a venda.

Tentação. Um senador próximo de Renan Calheiros (PMDB-AL) espera vitória em plenário na quarta-feira, mas tem lá seus receios: "Tancredo dizia que o voto secreto é um convite à traição".

Paraíso. Escudeiro fiel, Romero Jucá (PMDB-RR) não se conforma com o acúmulo de suspeitas sobre os ombros do presidente do Senado: "Só falta acusarem o Renan de ter matado a Taís da novela".

Downsize. Seminário do PSDB sobre reforma política, amanhã em Brasília, inclui uma proposta que os casos Roriz e Renan ajudaram a colocar em evidência: a extinção dos suplentes de senador.

Mosca azul 1. Quem esteve com Dilma Rousseff recentemente notou o entusiasmo da ministra da Casa Civil ao falar da "onda feminina" na política mundial. Após listar nomes como Hillary Clinton e Michelle Bachelet, Dilma contou que Lula já aventou a possibilidade de apoiar uma mulher à sua sucessão.

Mosca azul 2. Dilma finalizou o discurso dizendo que não se vê como candidata...

Deixa passar. Mais de um amigo já aconselhou José Dirceu a rever a estratégia de batalhar por um julgamento rápido -na medida do possível- no Supremo. O ex-ministro ouve que, com o clima demonstrado no acolhimento da denúncia do procurador-geral, tão cedo ninguém sairá vivo dali. Muito menos ele.

Mais um. Indicado por José Sarney, o ex-senador João Alberto (PMDB-MA) já está instalado em uma diretoria do Basa (Banco da Amazônia).

Sem previsão. Já os deputados da base aliada, cansados de esperar pelas nomeações para o segundo escalão, comentam, em tom de piada, que o verdadeiro ministro do Longo Prazo não é Mangabeira Unger, e sim Walfrido dos Mares Guia, encarregado da negociação dos cargos.

Calibragem. A economista Solange Vieira, escolhida pelo ministro Nelson Jobim (Defesa) para comandar a recém-criada Secretaria de Aviação Civil, pretende adotar tarifas aeroportuárias diferenciadas na tentativa de desafogar os aeroportos mais sobrecarregados e estimular o uso dos que hoje tem alta taxa de ociosidade, como o Galeão.

Sangue novo. O PT de Recife bateu o martelo: vai lançar João Costa, secretário municipal de Orçamento Participativo, à sucessão de João Paulo em 2008. É o nome preferido do prefeito. Humberto Costa, candidato derrotado do partido ao governo em 2006, também queria a vaga.

Muito prazer. Pouco conhecido do eleitorado, João Costa deu recentemente uma entrevista na qual declarou que não é "um poste".

Xará. Enquanto isso, o PSDB aguarda a definição de Jarbas Vasconcelos (PMDB) para tomar seu caminho na capital pernambucana. Se o ex-governador lançar o deputado Raul Henry, os tucanos entrarão no mesmo barco. Do contrário, o PSDB deverá engrossar o palanque de outro Raul -Jungmann, do PPS.

Tiroteio

"A China não tem democracia nem liberdade de imprensa. Para o PT, isso é a verdadeira Disneylândia".
Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA, em resposta ao petista Valter Pomar, segundo quem a viagem de seus correligionários à China é um "investimento político", e não "um passeio como o que os dirigentes do PSDB e do DEM fazem para conhecer a Broadway".

Contraponto

Nem vem

Em debate na Câmara sobre a prorrogação da CPMF, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) apanhou sem dó dos deputados da oposição. Os do DEM, sempre mais inflamados, brandiam um livreto produzido pelo partido a respeito dos males do imposto do cheque. Como a atestar a relevância de seu conteúdo, Paulo Bornhausen chamava a atenção para o fato de a obra trazer um anúncio do BB.
O ministro se virou para o relator Antonio Palocci, no intuito de cochichar uma piada, mas Bornhausen atalhou:
-E não adianta dizer que o governo é "republicano"! Está é sobrando verba de publicidade no Banco do Brasil!
Resignado, Paulo Bernardo comentou baixinho:
-Acho que é melhor eu não falar mais nada...


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