São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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Ex-genro de lobista diz ter recebido e-mails que revelam acordo para favorecer banco

ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pivô da mais nova denúncia contra Renan Calheiros, o advogado Bruno de Miranda Lins disse ontem que recebeu ao menos dois e-mails de diretores do banco BMG para tratar dos detalhes de uma instrução normativa, baixada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que teria favorecido os interesses do banco.
Um dos e-mails foi recebido de Marcus Vinícius Vieira, um dos diretores jurídicos do BMG. A assessoria não conseguiu localizar diretores do banco para se manifestar.
As mensagens, na verdade, tinham como destinatário o ex-sogro de Miranda, o lobista Luiz Garcia Coelho. Segundo disse à Folha, seu e-mail foi usado porque Coelho não tem familiaridade com a internet, motivo pelo qual recrutou o então genro como intermediário de uma negociação hoje investigada pela Polícia Federal e pela Procuradoria Geral da República como desdobramento do mensalão. Renan foi padrinho de casamento da filha de Coelho com Miranda.
O e-mail de Vieira trata de operações de crédito consignado, ou seja, a autorização para descontar na folha de pagamento dos benefícios do INSS empréstimos concedidos a aposentados e pensionistas. O objetivo do BMG, que segundo a revista "Veja" se concretizou, também era o desconto na folha da Previdência Social dos débitos de cartão de crédito dos beneficiários do INSS.
"Para mim parecia que ele [Coelho] resolvia problemas de banqueiros por causa das relações com Renan", diz Miranda.
Por conta da operação para beneficiar o banco, Miranda diz ter levado, a mando de Coelho, pagamentos de R$ 150 mil e de R$ 50 mil respectivamente ao então presidente do INSS, Carlos Bezerra, e ao diretor da Dataprev, José Roberto Leão.
"[Para Bezerra,] foi numa sacola pequena. Em notas de R$ 100 e R$ 50, R$ 150 mil cabem numa sacola pequena. No mesmo dia, fui à casa do Leão, uma casa rosa, no Lago Sul [em Brasília]." Bezerra nega a acusação e diz que processará Miranda. Leão não foi localizado.
O dinheiro teria vindo do BMG, sacado em Belo Horizonte. Miranda disse que houve mais dois saques, em Brasília, num total de R$ 2,5 milhões, dados a Coelho. Como segredos do ex-sogro, ele aponta um apartamento de US$ 1 milhão na Flórida e uma conta no Credit Suisse. Nada declarado à Receita, segundo diz. O advogado de Coelho não respondeu às ligações da Folha.


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