São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Apesar da determinação da sigla de se aliar ao petista, 7 diretórios regionais preferem o tucano e outros estão divididos

PSB se divide entre apoio a Lula e a Serra

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O PSB chega ao segundo turno rachado. Mesmo com o apoio formal a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve ser anunciado amanhã, depois da reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília, sete diretórios regionais ainda preferem José Serra (PSDB). Segundo integrantes da campanha de Anthony Garotinho, estão neste caso Goiás, Santa Catarina, Paraíba, Espírito Santo, Piauí, Amazonas e Mato Grosso.
Outros onze diretórios estão fechados com o PT: Bahia, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Pará, Amapá, Tocantins, Acre, Alagoas e Distrito Federal. Nos três maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio), os socialistas estão rachados. Nos seis Estados restantes, o partido ainda não tomou decisão.
Hoje no Rio o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, se reunirá com o candidato derrotado do partido a presidente e sua mulher, a governadora eleita Rosinha Matheus, para discutir a posição do partido no segundo turno.
O casal, principalmente Rosinha, tem se mostrado resistente a subir no palanque de Lula, embora declare seguir a decisão do partido. A governadora eleita tem dito que não se sente muito à vontade em defender uma aliança com Lula, principalmente por causa do PT do Rio, que, segundo ela, é "muito raivoso".
"Rosinha realmente tem dificuldade de apoiar o PT, até pela campanha eleitoral do Rio [disputada contra a governadora Benedita da Silva, do PT", que foi muito disputada. Mas isso é um processo que vamos superar", afirmou o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, responsável pelas negociações com o PT, ao lado de Arraes.
Garotinho, que no Rio teve no primeiro turno o apoio formal do PPB e, informalmente, do PL, tem condicionado a aliança com Lula ao abandono por parte do petista de parcerias feitas com políticos conservadores -cita o senador José Sarney (PMDB-AP).

Prefeitos
Ele já anunciou a aliados no Rio que não irá se opor aos prefeitos que não seguirem a orientação do partido de apoio a Lula. Dos 75 prefeitos que apoiaram Rosinha, 42 são do PSB, 22 do PPB e o restante de outros partidos. A maioria é contra o apoio ao PT.
"Muitos prefeitos ficaram com ele [Garotinho", mas muitos têm problemas com o PT nas cidades onde governam. Ele tem falado que não vai intervir", afirmou o prefeito de Piraí, Luiz Fernando Pezão (PSB).
Embora reconheça que seguirá a decisão nacional do PSB, Pezão critica a falta de diálogo com o PT.
"Eles [o PT" deveriam estar neste momento procurando os prefeitos, mas isso não está acontecendo. Está todo mundo se queixando. Enquanto isso, o pessoal do Serra está em cima. [O ex-ministro Francisco" Dornelles está ligando para todo mundo, é um articulador que tem peso", disse.
Além de Piraí, Lula não deverá encontrar apoio dos prefeitos socialistas de Barra Mansa, Roosevelt Fonseca, e Angra dos Reis, Fernando Jordão, que derrotaram o PT nas eleições de 2000.
"Minha situação é difícil, porque o PT foi governo 12 anos em Angra e eu o tirei da prefeitura. Minha tendência é ficar neutro", disse Jordão. Em Miguel Pereira, o prefeito Fernando Pontes (PSB) quer distância de Lula. "Para eu ser PT, só na outra encarnação. Com Lula, não há hipótese. Mesmo que o partido mande apoiar, não apóio. Se o partido liberar, minha tendência é mesmo ir com o Dornelles e o Serra."


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