São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

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Sem-terra invadem usina de PE em débito com Previdência

MLST alega problemas trabalhistas e ambientais para justificar desapropriação

Usineiros negam existência de problemas ambientais e trabalhistas; Judiciário já concedeu a reintegração de posse e notificou invasores

Rodrigo Lôbo/JC Imagem
Trabalhadores rurais invadem a usina Salgado, em Ipojuca (PE), para exigir sua desapropriação


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)

Agricultores de quatro movimentos de apoio aos sem-terra invadiram ontem, em Ipojuca (a 70 km de Recife), uma usina de cana-de-açúcar em plena produção. O grupo exige a desapropriação da empresa com base em um "novo conceito" de reforma agrária que desejam ver implantado pelo governo.
Os sem-terra usam o conceito de função social da terra para reivindicar a desapropriação de áreas produtivas com problemas trabalhistas, ambientais ou dívidas com a União. A usina Salgado, uma das maiores do Estado, foi invadida porque "deve R$ 85 milhões à Previdência, tem problemas ambientais e trabalhistas", disse o dirigente nacional do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra), Josival Oliveira. "Se o governo não cobra, nós executamos a dívida", afirmou.
Chamado para intermediar a crise, o superintendente do Incra em Recife, Abelardo Siqueira, apoiou os sem-terra: "Se a usina deve realmente R$ 85 milhões, eles fizeram a ação correta. Se for verdade, vamos trabalhar para concretizar a primeira desapropriação por dívidas ao governo no Estado." Em Brasília, o Incra informou que a União já usa critérios ambientais, trabalhistas e relativos a dívidas nas desapropriações.
Além do MLST, também estão na área militantes da CPT (Comissão Pastoral da Terra), da Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) e da Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco). Segundo os organizadores da invasão, participaram da ação 1.500 lavradores. De acordo com a usina, foram 700 os invasores.
Eles tomaram a propriedade às 4h e paralisaram a usina, que processa 6.000 toneladas de cana por dia e deve produzir na atual safra 15 milhões de litros de álcool e 1,5 milhão de sacas de açúcar de 50 kg. O prejuízo é de R$ 600 mil por dia, segundo os proprietários, integrantes da família do ex-deputado federal Marcos Queiroz (PSB).
Os usineiros negam a existência de problemas ambientais e trabalhistas. Dizem que há débitos com a Previdência, mas dizem que também há créditos e que o processo de acerto de contas está em negociação.
À tarde, a empresa, que emprega 3.500 pessoas na safra, entrou com pedido de reintegração de posse. Foi atendida. Os invasores foram notificados.


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