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Arraes diz que problema é de seu sucessor
da Agência Folha, em Recife
O governador de Pernambuco,
Miguel Arraes (PSB), tentou esquivar-se de comentar os conflitos
envolvendo os sem-terra, afirmando ontem que "isso é um
problema a ser enfrentado pelo
próximo governo" (de Jarbas Vasconcelos, PMDB, governador eleito do Estado).
Nos quase três meses que faltam
para seu sucessor assumir o cargo,
em janeiro do ano que vem, Arraes disse que não permitirá o uso
da violência e de armas. "É uma
questão de cumprimento da lei",
afirmou.
A orientação do governo de Pernambuco até ontem era que a PM
evitasse conflitos com os sem-terra, tentando resolver os problemas por meio de negociação.
Desde o agravamento da seca,
em maio passado, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) já organizou 35 saques
no Estado.
Reação
O coordenador estadual do movimento, Jaime Amorim, disse
que os sem-terra irão reagir à bala
a possíveis ataques de supostos
pistoleiros contratados por proprietários rurais.
O próximo governador, Jarbas
Vasconcelos, já afirmou que vai
tratar os saques como "perturbação da ordem pública" e que
não irá tolerar "anarquia". Ontem, Vasconcelos estava viajando
pelo interior.
Amorim disse que os saques irão
continuar, independente de quem
seja o governador e de uma eventual repressão.
Ontem, ao falar com a imprensa
pela primeira vez desde a eleição,
Arraes criticou a política econômica e social do governo federal,
afirmando que ela está gerando
uma "maré de descontentamento" no país.
Na opinião de Arraes, essa
"maré" vai manifestar-se de
muitas formas. "Uma dessas
formas será a violência. E só com
polícia não será possível conter o
descontentamento, causado principalmente pela ausência de condições de trabalho e de sobrevivência", disse o governador.
Arraes criticou também o tratamento dado pelo governo federal
ao problema da seca. "A seca foi
tratada como no passado e até
com mais deficiência", disse ele.
(VANDECK SANTIAGO)
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