São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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PT "errou" sobre mínimo, diz Freire

Alan Marques/Folha Imagem
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, durante reunião da bancada do partido na Câmara


LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O senador e presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PE), disse ontem que seu partido, se convidado, deverá aceitar cargos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Freire disse ainda que o PT se "equivocou" ao apresentar no governo Fernando Henrique Cardoso uma proposta de aumento do salário mínimo difícil de cumprir.
O senador esteve reunido ontem com a nova bancada do PPS no Congresso -uma senadora e 15 deputados federais. Hoje, a direção nacional do partido se reúne em Brasília para discutir os rumos do PPS no governo de Lula.
Ao mesmo tempo em que defendeu um apoio independente e desvinculado da promessa de cargos, Freire afirmou que, diante de convites para a formação do ministério, o cargo "provavelmente seria aceito". "Seria uma honra para o PPS e para o PT."
O senador se lembrou do que chamou de tradições infelizes do PPS em governos petistas. Citou como exemplo a eleição de 1988 para a Prefeitura de São Paulo, quando Luiza Erundina (então PT, hoje no PSB) ganhou a disputa com o apoio do PPS. Após a eleição, a sigla ficou responsável pela administração dos cemitérios municipais.
"Se Ciro Gomes [presidenciável derrotado à Presidência pelo PPS" for convidado para algum ministério, será uma honra para o governo de Lula ter um quadro como ele no ministério. Mas imagino que para Ciro Gomes não vão dar nenhum cemitério."
Segundo Freire, o apoio ao PT será unilateral. "Esse apoio não depende do que o PT pretende no relacionamento com o PPS. Agora, se houver um convite [para assumir algum cargo], muito provavelmente seria aceito."
A senadora eleita Patrícia Gomes (CE) foi mais cautelosa. Disse que a participação direta no governo irá depender de um consenso partidário e que o apoio a Lula não será "automático". "Seremos aliados críticos. Não sou contra a participação no governo de Lula, mas isso é uma coisa que tem de ser definida pelo partido."

Salário mínimo
A polêmica em relação ao salário mínimo foi citada por Freire como um dos "equívocos" cometidos pelo PT. Para ele, além de criticar, o partido deveria propor fontes de verbas no Orçamento.
"Não adianta cobrar dos outros aquilo que depois vão cobrar de mim e que não poderei atender. Isso foi alguns dos equívocos cometidos pelo PT."
Para Freire, apesar da necessidade evidente de o mínimo ser reajustado, a mudança do valor não depende da vontade política. Existem petistas que defendem um mínimo de R$ 240. Na proposta orçamentária de 2003, o aumento previsto é de 5,5%, o que elevaria o mínimo dos atuais R$ 200 para R$ 211. "Defender um salário mínimo maior é um ato de justiça. O problema é que, quando você é governo, tem alguns limites que não correspondem à vontade política."



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