UOL

São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corregedores defendem maior atuação do órgão

DA REPORTAGEM LOCAL

DO ENVIADO AO RIO

Enquete feita pela Folha com 16 dos 28 corregedores da Justiça dos Estados, durante encontro dos magistrados na última semana no Rio, mostra que a maior parte deles (10) defende uma ampliação nos poderes do órgão e um incremento na sua estrutura como forma de melhorar a fiscalização do Judiciário.
Os demais afirmaram não ver necessidade de mudança.
De acordo com a maioria dos corregedores, a atual lei orgânica limita a atuação do órgão e restringe sua atuação.
"O trabalho das corregedorias é essencial para a Justiça e vem sendo bem executado. Agora, são necessários instrumentos como quebras de sigilos, por exemplo. Sem isso, ficamos desarmados", disse Luiz Elias Tâmbara, corregedor-geral de São Paulo.
Segundo ele, nem todos os Estados, diferentemente do que ocorre em São Paulo, possuem corregedorias com poderes para quebrar sigilos. A falta de pessoal e de verbas também está entre as principais reivindicações.
As corregedorias devem fazer a cada dois anos as correições ordinárias (fiscalização habitual feita nas varas). Com isso, alegam os magistrados, sobra pouco tempo e estrutura para apurar eventuais representações de denúncias contra o trabalho dos juízes.
"Na avaliação deles [corregedores] mesmos, o trabalho da Corregedoria no âmbito federal é muito incipiente. Nem sequer há funcionários. Não são corregedorias organizadas", disse Ari Pargendler, coordenador-geral e presidente do Fórum Permanente de Corregedores da Justiça Federal.
Das corregedorias dos Tribunais Regionais Federais, a da 4ª Região é frequentemente citada pelos magistrados como uma das mais bem-estruturadas.
Mesmo assim, o corregedor Vílson Darós disse que, em sua gestão, não foi instaurada nenhuma sindicância ou processo disciplinar. "A maioria são casos de reclamações de lentidão nos trâmites dos processos. O juiz falha, é humano. Não são anjos", afirmou o desembargador Darós.
As correições realizadas nas 136 varas de toda a região, diz o corregedor, são feitas com a ajuda de outros dois servidores.

Controle
A maioria (14) dos corregedores estaduais é contra as propostas de controle externo do Judiciário. Dois dos entrevistados disseram concordar em termos com a possibilidade de pessoas de fora do Judiciário fiscalizarem o órgão.
"Eu não sei se há a possibilidade de eu entrar na sua casa e dizer como você deve proceder para administrá-la", disse o corregedor do Tocantins, Daniel Negry.
"Já somos, de certa forma, controlados pela OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas. Que mais querem?", questionou a corregedora do Sergipe, Josefa Paixão.


Texto Anterior: Corregedorias são criticadas até por juízes
Próximo Texto: Regime militar: Livro "não desilustra" Geisel, diz assessor
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.