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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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OUTRO LADO

Governador não fala sobre parentes

DA REPORTAGEM LOCAL

Por meio de seu assessor especial José Benedito Pires Trindade, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), informou à Folha que não falaria sobre a contratação de parentes em seu governo. Trindade não explicou a razão pela qual o governador decidiu não se manifestar sobre o assunto. "Sem comentários", respondeu.
Sobre seus próprios parentes empregados (um irmão e uma sobrinha), Trindade afirmou que eles são qualificados para ocupar os cargos: "Eu até fui surpreendido com a escolha do meu irmão".
Requião já foi protagonista de duas reportagens sobre nepotismo, em escala muito menor. Em 1997, com verbas do Senado, ele contratou o irmão Eduardo como assessor técnico do escritório que tinha no Paraná. Na época, o então senador disse que "nepotismo é contratar vagabundo, parente ou não". Em 1999, ele contratou no gabinete o outro irmão, Maurício. Na época, ele criticou o jornal: "Acho que a Folha está prestando novamente um desserviço ao mexer em um moralismo sórdido/udenista quando o país está desabando pelas bordas. Eu repudio e repilo esse tipo de moralismo udenista de quinta categoria".
O vice-governador, Osvaldo Pessuti, e sua mulher, Regina, não foram localizados para falar sobre o assunto. Estavam em viagem de trabalho no interior do Estado. Seu assessor, Nildo Lubke, disse que Regina é engenheira química e advogada e, além dessas especialidades, acompanha todas as "reuniões técnicas" no gabinete.
Procurado por três dias, o chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, não se manifestou. Seu assessor afirmou que ele estava em viagem pelo interior. Seu irmão, Ailton Fucilini, primeiro disse que não tinha "nada a dizer". Depois, afirmou que só falaria pessoalmente -o repórter estava em São Paulo.
Um cunhado de Quintana, Lourival Stadler, disse que sua escolha para chefiar a Cohapar em Ponta Grossa deveu-se à experiência "de mais de dez anos no ramo e no direito imobiliários". O presidente da Cohapar, Luiz Romanelli, disse que a escolha de seus parentes foi pautada pelo critério técnico.
O secretário de Transportes Waldyr Pugliese, disse que a nomeação do sobrinho para a chefia do gabinete também se deveu à militância política de ambos: "É um ótimo executivo e um companheiro político". Ele disse que as funções do sobrinho também dão a Luiz uma "visibilidade para a eleição" a uma prefeitura que ele pretende concorrer no interior.
O argumento da capacitação técnica foi levantado pelo secretário de Comunicação Social, Airton Pissetti, para explicar as contratações de dois sobrinhos e uma filha. Sobre um dos sobrinhos, Pissetti disse que ele é "almoxarife", com vencimentos de "mil e poucos reais". Pissetti disse que sua filha, Vanessa, foi escolhida para um cargo na Secretaria de Saúde porque já foi secretária de Saúde de Campo Magro (PR), na região metropolitana de Curitiba.
Um sobrinho do governador, João José de Arruda Júnior, disse por e-mail que foi escolhido porque "prevaleceu o critério técnico. O convite para a ocupação do cargo partiu do presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde".
O primo de Requião empregado na Ferroeste, Heitor Wallace de Mello e Silva, disse que foi escolhido pela capacidade técnica. Ele presidiu o Banestado na primeira gestão do governador (91-94) e atuou no setor financeiro da campanha de Requião em 2002.
O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, disse que foi escolhido para o cargo pela Procuradoria Geral de Justiça, após um pedido por escrito do governador, que queria um "representante dos promotores". Delazari disse que nada teve a ver com a escolha de seu pai, Luiz Carlos, para a secretaria especial da Corregedoria e Ouvidoria Geral. O ouvidor não foi encontrado.
Sobrinho de Requião, Paikan Mello e Silva disse, pelo telefone, que responderia às questões por e-mail, mas não houve resposta à mensagem enviada logo depois.
Danielle de Mello e Silva, localizada, disse que daria retorno ao pedido de entrevistas, mas isso não havia ocorrido até ontem.
As assessorias dos irmãos Eduardo e Maurício foram procuradas, mas não houve resposta ao pedido de entrevista. A cunhada de Requião, Mariane Quarenghi, a irmã do governador, Lúcia Arruda, o irmão do chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, Odoni Adalberto Quintana, não foram localizados para falar sobre o assunto.
O diretor do Procon, Algaci Ormário Tulio, foi procurado na sexta-feira, mas sua assessoria informou que ele estava internado num hospital, em uma UTI, com um sério problema cardíaco.
Também não foram localizados o presidente da Copel, Paulo Pimentel, e o secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Luiz Mussi. (RV)



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