São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAIBA MAIS

Em 1999, Lula já temia um futuro impeachment

DA REDAÇÃO

Em sua última entrevista ao "Roda Viva" antes de se tornar presidente, em 4 de outubro de 1999, Luiz Inácio Lula da Silva disse que não defendia a queda de Fernando Henrique Cardoso porque temia retaliações: "Tenho certeza de que um dia a gente vai ganhar as eleições neste país e não quero que alguém faça a tentativa de apressar o fim do nosso mandato".
Na época, Lula atacava muito a política econômica de FHC. Classificou a alíquota de 27,5% do Imposto de Renda (que hoje seu governo se recusa a diminuir) de "um roubo". Mas seus principais ataques foram para o acordo do Brasil com o FMI, que tratava o Brasil como "uma república de bananas": "FHC se subordinou a uma orientação perversa do FMI, subordinou a estabilidade da economia a uma recessão profunda". Chegou a acusar Pedro Malan de ser "um infiltrado do FMI no governo brasileiro". Note-se que Lula manteve o acordo com o FMI até este ano.
Na entrevista de 1999, Lula disse que se arrependia de ter elogiado FHC, pois este tinha vendido "a alma ao diabo": "FHC efetivamente mudou para pior. Ele virou um conservador. Vai passar para a história como o pior presidente deste país: construiu um passivo de R$ 500 bilhões sem construir nenhum ativo", ao contrário de Vargas, Juscelino e militares.
"FHC é um político sem ouvidos. Ele só tem boca". Por isso ele era um mau político: "Ele faz mal o jogo de negociação com o Congresso". Ele deu como exemplo a fragilidade da maioria governista: "Para que serve essa maioria do FHC? Serviu para comprar voto para elegê-lo outra vez. Se eu sou presidente e tenho uma aliança com 400 deputados e eles não comparecem para votar, você tem que fazer alguma coisa".
Lula também criticou a corrupção no governo: "O que é triste é que começa a ter a marca da corrupção em muita gente desse governo. Todo dia sai uma denúncia na imprensa".
Para chegar ao poder, Lula só via dois caminhos: uma aliança com os conservadores ou uma aliança com os excluídos. Daí sua ênfase no combate à fome, ao desemprego e à seca.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/2006 à vista: Delúbio é o traidor citado por Lula, diz presidente do PT
Próximo Texto: Elio Gaspari: Lula, o urso que come os donos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.