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Lula diz que não fará "salada de frutas" no primeiro escalão
Presidente afirma que tamanho dos partidos definirá espaço das siglas no ministério
Segundo o petista, que vem centralizando a articulação política, sua legenda já tem uma "boa representação" no governo com a Presidência
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que centraliza a articulação política do governo,
afirmou ontem que não fará
"partilhas" nem "salada de frutas" ao formar o primeiro escalão do novo mandato. Segundo
o presidente, o tamanho de cada partido, incluindo o PT, será
a base da participação de cada
um deles no ministério.
Ontem, Lula teve mais um
dia de conversas no Planalto
com líderes partidários e governadores. Numa delas, segundo
a Folha apurou, sugeriu ao governador Blairo Maggi (MT),
de saída do oposicionista PPS,
que se filie ao aliado PSB.
A sondagem a Maggi faz parte da estratégia do governo petista de conquistar o apoio do
maior número possível de governadores. Com a maioria deles ao seu lado, avalia, terá como articular com mais facilidade o apoio das bancadas regionais no Congresso, independentemente do partido. Dos 27
governadores, o Planalto diz
ter o apoio de pelo menos 17.
O governador reeleito de
Mato Grosso, aliás, enfrenta
um processo de expulsão do
PPS justamente pelo fato de ter
declarado apoio a Lula no segundo turno. O procedimento
da sigla deve ser finalizado antes do final do ano, o que forçaria Maggi a encontrar às pressas uma outra legenda.
Para ser diplomado, o maior
produtor de soja do país -e hoje visto pelo governo Lula como um interlocutor do Planalto com os produtores rurais-
precisa estar filiado a algum
partido. Maggi também tem
conversado com líderes do
PMDB. Nesta semana, esteve
com o presidente do Senado,
Renan Calheiros (AL).
"Salada de frutas"
Nos últimos dias, impulsionado pelas férias do coordenador político do governo, Tarso
Genro, Lula tomou para si todas as conversas em torno da
formação da base de apoio,
além do primeiro escalão para
o segundo mandato.
Ontem, em rápida entrevista
após um evento sobre educação
no Centro de Convenções de
Brasília, disse estar "tranqüilo"
sobre a formação do novo ministério. "Eu não estou discutindo isso [troca de ministros],
sabe por quê? Porque o governo será composto de uma forma diferente. Ou seja, nós não
vamos fazer uma partilha, uma
salada de frutas. Eu quero construir alianças com os partidos
políticos, quero discutir com
seriedade", afirmou.
Ontem, além de Maggi, Lula
recebeu os governadores Zeca
do PT (MS) e Cláudio Lembro
(PFL-SP) e o deputado peemedebista Jader Barbalho (PA), da
ala governista do partido e que
pode assumir o papel de interlocutor da sigla com o governo.
Questionado sobre a participação de seu partido no novo
governo, Lula disse que o PT, ao
ter o presidente da República,
já possui uma "boa representação". "O PT vai ter a participação no governo que tem o tamanho do PT. Aliás, o PT já tem o
cargo mais importante do governo que é o presidente da República. Ou seja, já é uma boa
representação."
De acordo com o presidente,
as indicações de novos ministros não serão feitas com base
nas manchetes da mídia. Questionado sobre uma possível demissão voluntária de todos os
ministros, o que facilitaria seu
trabalho, Lula desconversou.
Ao final, ainda brincou: "Eu já
estou é com saudade dos debates de televisão".
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