São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Lula diz que não fará "salada de frutas" no primeiro escalão

Presidente afirma que tamanho dos partidos definirá espaço das siglas no ministério

Segundo o petista, que vem centralizando a articulação política, sua legenda já tem uma "boa representação" no governo com a Presidência

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que centraliza a articulação política do governo, afirmou ontem que não fará "partilhas" nem "salada de frutas" ao formar o primeiro escalão do novo mandato. Segundo o presidente, o tamanho de cada partido, incluindo o PT, será a base da participação de cada um deles no ministério.
Ontem, Lula teve mais um dia de conversas no Planalto com líderes partidários e governadores. Numa delas, segundo a Folha apurou, sugeriu ao governador Blairo Maggi (MT), de saída do oposicionista PPS, que se filie ao aliado PSB.
A sondagem a Maggi faz parte da estratégia do governo petista de conquistar o apoio do maior número possível de governadores. Com a maioria deles ao seu lado, avalia, terá como articular com mais facilidade o apoio das bancadas regionais no Congresso, independentemente do partido. Dos 27 governadores, o Planalto diz ter o apoio de pelo menos 17.
O governador reeleito de Mato Grosso, aliás, enfrenta um processo de expulsão do PPS justamente pelo fato de ter declarado apoio a Lula no segundo turno. O procedimento da sigla deve ser finalizado antes do final do ano, o que forçaria Maggi a encontrar às pressas uma outra legenda.
Para ser diplomado, o maior produtor de soja do país -e hoje visto pelo governo Lula como um interlocutor do Planalto com os produtores rurais- precisa estar filiado a algum partido. Maggi também tem conversado com líderes do PMDB. Nesta semana, esteve com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

"Salada de frutas"
Nos últimos dias, impulsionado pelas férias do coordenador político do governo, Tarso Genro, Lula tomou para si todas as conversas em torno da formação da base de apoio, além do primeiro escalão para o segundo mandato.
Ontem, em rápida entrevista após um evento sobre educação no Centro de Convenções de Brasília, disse estar "tranqüilo" sobre a formação do novo ministério. "Eu não estou discutindo isso [troca de ministros], sabe por quê? Porque o governo será composto de uma forma diferente. Ou seja, nós não vamos fazer uma partilha, uma salada de frutas. Eu quero construir alianças com os partidos políticos, quero discutir com seriedade", afirmou.
Ontem, além de Maggi, Lula recebeu os governadores Zeca do PT (MS) e Cláudio Lembro (PFL-SP) e o deputado peemedebista Jader Barbalho (PA), da ala governista do partido e que pode assumir o papel de interlocutor da sigla com o governo.
Questionado sobre a participação de seu partido no novo governo, Lula disse que o PT, ao ter o presidente da República, já possui uma "boa representação". "O PT vai ter a participação no governo que tem o tamanho do PT. Aliás, o PT já tem o cargo mais importante do governo que é o presidente da República. Ou seja, já é uma boa representação."
De acordo com o presidente, as indicações de novos ministros não serão feitas com base nas manchetes da mídia. Questionado sobre uma possível demissão voluntária de todos os ministros, o que facilitaria seu trabalho, Lula desconversou. Ao final, ainda brincou: "Eu já estou é com saudade dos debates de televisão".


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