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"Fui torturada pelo coronel", diz historiadora
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
As torturas durante o
regime militar eram comandadas pelo então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, 74, hoje coronel reformado.
A afirmação acima foi
repetida ontem, em construções diferentes, pelos
cinco ex-presos políticos
ouvidos pelo juiz Gustavo
Santini Teodoro, da 23ª
Vara Cível de São Paulo.
"Eu fui muito humilhada e torturada física e psicologicamente pelo coronel. Até hoje tenho trauma
do que me aconteceu",
afirmou a historiadora
Marly Rodrigues, que ficou de 12 a 15 dias presa
com Maria Amélia, uma
das autoras da ação.
O também historiador
Joel Rufino dos Santos relatou ao juiz uma história
parecida. Disse que, após
ser preso e levado para o
DOI-Codi, foi seviciado
pelo próprio coronel.
"Todas as operações de
tortura contra presos políticos eram comandadas
pelo então major Ustra",
afirmou o jornalista Ivan
Seixas, que foi preso com o
pai em abril de 1971, sob a
acusação de agir contra o
regime militar.
"Eu fiquei mais de seis
anos preso. E vi o coronel
Ustra torturando presos.
Um deles morreu, era o
jornalista Luiz Eduardo
Rocha Menino", declarou
o jornalista.
Segundo ele, Maria
Amélia e o marido estavam muito abatidos na
prisão. "Eles mancavam.
Depois fiquei sabendo que
eles tinham passado por
choques elétricos no pau-de-arara e na cadeira do
dragão [cadeira de zinco
que aumenta a potência do
choque]."
Élia Menezes Rola, que
também dividiu a mesma
cela com Maria Amélia,
afirmou que a colega foi
muito torturada, que o
rosto estava tão machucado que quase não podia reconhecê-la.
Ricardo Maranhão, outro ex-preso político, disse
que viu Maria Amélia pela
primeira vez quando ela
estava na sala de tortura,
muito machucada. Afirmou ainda que a irmã dela,
Criméia, estava grávida e
levava "muitas pauladas
na cabeça".
Maria Amélia e o marido
César Teles dizem terem
sido torturados pelo coronel. Afirmam ainda que,
por ordem dele, a casa da
família foi invadida e os filhos do casal foram presos
ao lado da tia Criméia.
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