São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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"Se comparecesse no tribunal, seria execrado", diz advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

O criminalista Paulo Esteves, um dos advogados do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, afirmou ontem que seu cliente não torturou nem foi cúmplice de práticas de tortura durante o regime militar (1964-1985).
O coronel não compareceu ao tribunal porque o advogado da família informou ao juiz que não tinha interesse no depoimento dele.
"Ele realmente poderia ter vindo, pelo menos para assistir, mas não veio para não ser execrado, ele não precisa passar por isso", afirmou o advogado do militar. Ontem, Ustra chegou a viajar de Brasília, onde mora, a São Paulo. Só foi informado da desistência da acusação depois.
Esteves afirmou que ele seria um "idiota" se dissesse que não houve tortura no Brasil durante o regime militar, mas afirmou que o coronel nunca torturou nem mandou torturar preso político.
Questionado sobre os depoimentos das testemunhas, que disseram terem sofrido sevícias pelas mãos do coronel Ustra, o advogado afirmou que não considera os relatos prova suficiente de culpabilidade.
"Acho que tem muito interesse político nesta decisão", afirmou o advogado.

Militares
Nos próximos meses, serão ouvidas as testemunhas de defesa de Ustra. Foram escolhidos oito militares.
O único militar que mora em São Paulo deveria ter sido ouvido ontem, mas não compareceu ao tribunal, o que levou o advogado a desistir oficialmente do testemunho dele.
Os outros sete militares serão ouvidos em Porto Alegre, Curitiba e Brasília.
"As nossas testemunhas não presenciaram nada daquela época, mesmo porque o coronel não torturou ninguém. Escolhemos pessoas que conhecem o coronel e poderão falar dos bons antecedentes dele", afirmou Esteves.
Após os depoimentos das testemunhas de defesa, será marcada uma nova audiência em São Paulo para dar continuidade ao processo.


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