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TCU vê prejuízo em gastos com publicidade
Relatório estima que perdas foram de R$ 106 mi por conta de irregularidades; foram investigados 17 órgãos entre 2000 e 2005
Ministro apóia a PEC que limita a publicidade oficial
a informes sobre a saúde pública e à propaganda de produtos e das estatais
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório consolidado de auditorias na área de publicidade
aprovado ontem pelo TCU
(Tribunal de Contas da União)
aponta prejuízo aos cofres públicos estimado em R$ 106,2
milhões por conta de falhas de
controle ou irregularidades, como superfaturamento de serviços. Foram investigados gastos
de publicidade de 17 órgãos ou
empresas da administração pública num período de cinco
anos, entre 2000 e 2005.
O relatório do ministro Ubiratan Aguiar defende o fim da
publicidade institucional, a
pretexto de que campanhas
que cuidam da imagem do governo se confundiriam com a
promoção dos governantes.
Com apoio do plenário do tribunal, Aguiar apóia a proposta
de emenda constitucional que
limita a publicidade oficial a informes sobre saúde pública e à
propaganda de produtos e serviços de estatais.
"Surgem evidências de que
verbas aplicadas em publicidade acabam transformando-se,
de forma viciosa, em fontes de
financiamento de campanhas
eleitorais", escreve o ministro,
reiterando a justificativa da
emenda constitucional que já
tramita no Congresso. A proposta é um dos resultados da
CPI dos Correios, que investigou caixa dois do PT administrado pelo publicitário mineiro
Marcos Valério de Souza.
Procurado ontem pela Folha, o subsecretário da Secom,
Tadeu Rigo, não foi localizado
por sua assessoria. O ministro
Luiz Dulci (Secretaria Geral),
seu superior hierárquico, só se
manifestaria hoje.
Mensalão
A investigação do TCU foi
provocada pelo escândalo do
mensalão, o suposto pagamento a políticos aliados do governo, e se concentrou em empresas e órgãos com que as agências de Marcos Valério -SMPB
e DNA- mantinham negócios,
como o Banco do Brasil, os Correios, a Eletronorte, a Câmara e
ministérios do Trabalho e dos
Esportes, além de outros 11
grandes contratantes.
"Em todos os órgãos, foram
identificadas irregularidades
que demonstram a existência
de falhas no controle de execução dos contratos de publicidade", afirma o relatório do TCU.
No período entre 2000 e
2005, o conjunto de órgãos da
administração direta e estatais
teria gasto pelo menos R$ 5 bilhões em ações publicitárias,
contabiliza o relatório, com base em dados da Presidência.
O valor do prejuízo estimado
pelo TCU já inclui os R$ 11,7
milhões que podem ter sido
desviados em quatro edições de
balanço de ações do governo
Lula encomendadas pela Secom às agências Duda Mendonça & Associados e Matisse
Comunicação de Marketing.
Apesar de não ter sido encerrada a fase de defesa dos acusados a devolver o dinheiro aos
cofres públicos, o relatório
mantém a conclusão de que
houve superfaturamento e pagamentos por serviços não
prestados. Nessa última condição estariam as 930 mil revistas
que a Secom alega terem sido
distribuídas pelo PT.
Grande parte do prejuízo refere-se à falta do repasse ao BB
da chamada bonificação de volume, espécie de desconto concedido pelos fornecedores de
serviços das agências de publicidade. Os Correios teriam perdido R$ 2,6 milhões por conta
de pagamentos indevidos.
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