São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Costa diz a CPI que discutiu liberação de verba à Planam

Para ex-ministro, no entanto, a empresa se enquadrava em normas técnicas

Em depoimento à CPI, no qual não sofreu ataques de oposicionistas, petista nega envolvimento com propinas pagas por sanguessugas

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à CPI dos Sanguessugas em que várias vezes elogiou tucanos e foi por eles elogiado, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa (2003-2005) confirmou que discutiu a liberação de recursos para compra de ambulâncias com o empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam.
Ele defendeu o pagamento de cerca de R$ 8 milhões à Planam pelo fornecimento de cem ambulâncias, dizendo que a empresa se enquadrava nas normas estabelecidas pelo governo. Foi o principal argumento usado pelo ex-ministro para repudiar envolvimento com propinas pagas pela empresa.
A conversa com Vedoin, segundo ele, ocorreu em fevereiro de 2003. O intermediário teria sido o ex-deputado Benedito Domingos (PP-DF).
Segundo Costa, Vedoin estava angustiado com a demora em receber "restos a pagar" -dinheiro do Orçamento de 2002 represado pelo governo- relativos a ambulâncias que já teriam sido entregues.
"Ele [Vedoin] foi lá tratar de um assunto que deputados, governadores, prefeitos, gestores, senadores, até ministros iam tratar conosco, que era a liberação dos restos a pagar de 2002."
O ex-ministro disse que constatou que a empresa se enquadrava nas três condições impostas pelo governo para recebimento da verba: homologação de licitação, formalização de contrato com o governo e entrega dos bens.
O depoimento, "a convite", foi tão suave que Costa se sentiu à vontade para dar conselhos de como evitar que novos casos surjam. Pediu transparência na elaboração do Orçamento, criação de carreira exclusiva para auditores de Saúde e de "Lei de Responsabilidade Sanitária". Ficou nítida a perda de interesse no caso, passada a eleição. A oposição, que tenta evitar a associação de ex-ministros tucanos com o escândalo, jogou água fria. Nenhum deputado foi duro nas perguntas.
Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) disse a Costa que ele poderia "ser mais vítima que culpado". Já os tucanos paulistas Antônio Carlos Pannunzio e Mendes Thame abriram mão de fazer perguntas. Costa agradeceu a Pannunzio sua atitude "cordata, generosa e elegante".
Costa elogiou medidas tomadas por Serra e Negri, como a implantação de sistema eletrônico de acompanhamento de transferências de recursos e a descentralização do controle.


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